“O Mundo precisa de uma Europa forte”
Falando à saída de uma reunião dos socialistas europeus, imediatamente antes de participar na cimeira informal de líderes europeus da UE, que está hoje a ter lugar na capital da ilha de Malta, La Valetta, António Costa alertou os “mais céticos” para a necessidade de a Europa se “afirmar no mundo unida” no domínio da defesa, da política comercial e na gestão dos fluxos migratórios, face à administração norte-americana.
Segundo o primeiro-ministro português, sem um diálogo reforçado com os países do sul será muito difícil “prevenir mais mortes no Mediterrâneo”, manifestando a esperança que a Europa ultrapasse a sua própria apatia perante o drama dos migrantes e, unida, possa “dar ao mundo um bom exemplo” de como a gestão dos fluxos migratórios pode ser feita de um modo diferente das “políticas de muros”, que “nada resolvem”, e que simplesmente “violam a dignidade dos seres humanos”, esperando que da cimeira de Malta saia “um bom exemplo”.
Diálogo com o sul
Quanto à cimeira de chefes de Estado e de Governo que hoje começou em Malta, António Costa recordou tratar-se de uma reunião onde os líderes da União Europeia vão debater a dimensão externa da política migratória, designadamente, como referiu, o “trabalho que se deve desenvolver” com os países da África subsaariana e mediterrânea, de forma a “combater as causas profundas dos movimentos migratórios”, sustentando que é nestas áreas que a “Europa, em colaboração com as Nações Unidas”, se pode diferenciar das mais recentes políticas adotadas pela administração norte-americana.
Para António Costa, a Europa tem de mostrar a Washington que é capaz de atuar unida na defesa dos seus valores e princípios, apresentando uma política alternativa e diferenciada da assumida pelo Governo norte-americano, nomeadamente em relação à “gestão da crise da imigração”.
Políticas de imigração que não podem nem devem ser encaradas construindo muros ou negando a outras nacionalidades “poderem vir para a Europa”, defendendo que a resposta tem de estar “em mais investimento” e numa maior contribuição dos governos da União Europeia, na criação e no apoio a regimes mais estáveis e democráticos, sobretudo em África, um caminho que, na opinião do primeiro-ministro, será diferenciador em relação às novas políticas defendidas pela Casa Branca.
Para o primeiro-ministro português seria um erro que a Europa confundisse uma presidência norte americana, que é “necessariamente conjuntural”, com as relações históricas que a Europa tem com os Estados Unidos da América, alertando, contudo, que a União Europeia tem de se “mostrar unida” e que não “está disponível” para que a presidência americana “contribua para a divisão da Europa”.