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O desespero já se apoderou do primeiro-ministro

O desespero já se apoderou do primeiro-ministro

O secretário-geral do PS considerou que o primeiro-ministro deu “mais uma machadada” num possível consenso entre Governo e socialistas.

“O senhor primeiro-ministro voltou a dar uma machadada no diálogo político e no consenso político com o PS. O senhor não pode andar às segundas, quartas e sextas-feiras a dizer que o país precisa do consenso do PS e depois chega aqui, a um debate quinzenal, e trata o PS da forma como tratou”, protestou o líder socialista.
António José Seguro falava a meio de um debate extremamente crispado que travou com o primeiro-ministro na Assembleia da República – isto, depois de ter também sustentado que “o desespero” já se apoderou do primeiro-ministro e que Passos desconhece a realidade do país.

“Nenhum português me pediu procuração para aqui falar, mas falo em nome daquilo que vejo e daquilo que sinto, porque não fico no meu gabinete a fazer política. Ando pelo país a ouvir as pessoas e a saber os sacrifícios por que passam. O senhor pode tentar fugir às suas responsabilidades, mas os portugueses não o deixam esconder-se. Tem que prestar contas por dois anos de desastre nacional”, disse o líder socialista, após ter considerado que o líder do executivo apresentou hoje no parlamento um estilo de intervenção “dúplice” do ponto de vista político.

Pela sua parte, Seguro contrapôs que manterá “o respeito e a elegância em todos os debates”, numa fase do debate parlamentar em que reafirmou que os socialistas rejeitarão o corte de 4,7 mil milhões de euros projetado pelo Governo e em que criticou o executivo por ainda não ter apresentado qualquer proposta de reforma do Estado.
Em resposta às acusações do primeiro-ministro, o secretário-geral do PS negou que fale no parlamento sobre o que lhe apetece.

“Falo sobre a realidade do país. Se o senhor considera quem falar em quase um milhão de desempregados é dizer o que me apetece, então estamos conversados”, responde Seguro, frisando que socialistas e Governo não divergem sobre o combate ao défice, mas sobre o caminho para o reduzir.

“Perguntou-me se quero mais défice, mas o país já tem mais défice”, alegou António José Seguro.
Neste contexto, o líder socialista apontou que o défice no primeiro trimestre de 2011 (ainda no executivo Sócrates) foi de 7,7 por cento, sendo no primeiro trimestre deste ano na ordem dos dez por cento.

“A dívida pública, nos dois últimos anos, cresceu mais 15 pontos percentuais. Todas as previsões indicam que ultrapassará em breve os 130 por cento. Contra factos não há argumentos”, advogou o líder socialista.