O centro político ganha-se com políticas à esquerda
Para Pedro Nuno Santos, o Governo do PS liderado por António Costa conquistou o eleitorado do centro político “com ações políticas à esquerda”, garantindo que foi “exatamente quando o PS se distinguiu do PSD”, mostrando que era possível fazer diferente, que o “partido mais apoio alcançou junto do povo português”.
Uma estratégia que, no parecer de Pedro Nuno Santos, mostrou ser a mais adequada, lembrando que neste momento o PS é o partido “com maior confiança popular”, o que em sua opinião mostra que foi adequada a decisão tomada pela direção do PS de não ter avançado com uma aliança com o PSD, o que certamente, como afirmou, teria levado a uma “descaracterização das propostas socialistas”.
Numa entrevista à agência Lusa, a pretexto do segundo aniversário do atual Governo, Pedro Nuno Santos lembrou que a sua tese sempre foi a de que o PS teria mais hipóteses de ganhar o centro político se apostasse em políticas de esquerda, “o que se veio a confirmar com a prática do atual Executivo”, garantindo que o Governo ganhou a confiança dos portugueses porque os soube “respeitar e dignificar”, e apresentar propostas políticas que “respondem aos seus problemas”.
Seriedade com as vítimas dos incêndios
O secretário de Estado lamentou a chicana política que a direita tem feito em relação às catástrofes “duríssimas dos incêndios” de junho e outubro, recusando que tenha havido insensibilidade no tratamento deste caso, quer por parte do Executivo, quer por parte do primeiro-ministro.
Pedro Nuno Santos defendeu que o Governo encarou o assunto “com muita seriedade”, desde logo, como adiantou, ao assumir, quer as conclusões produzidas pela Comissão Técnica Independente, quer ao incluir no OE2018 um pacote que totaliza 693 milhões de euros para dar resposta aos “mais diversos trabalhos de reconstrução, mas também aos objetivos de prevenção e de combate aos incêndios e à capacitação das instituições”.
Falemos de reformas
Sobre as reformas ou a ausência delas, Pedro Nuno Santos começou por assegurar que existe sobre este assunto “uma linha de demarcação entre a esquerda e a direita”, justificando que para a direita reformas significam sempre “privatizar liberalizar e desregular”, uma conceção, como garantiu, diametralmente oposta à que o Governo e o PS têm em relação ao que deve ser uma verdadeira e sustentada reforma.
Para o governante, um exemplo do que deve ser uma reforma de esquerda é, como adiantou, a “importantíssima reforma” na Segurança Social introduzida neste OE2018, onde num contexto de evolução tecnológica, “em que há empresas de capital intensivo, com poucos trabalhadores, mas muito rentáveis”, o Governo aprovou uma medida que prevê que dois pontos percentuais do IRC dessas empresas “sejam agora canalizados para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social”, uma medida que, quando concretizada, permitirá que “não sejam apenas as empresas de mão-de-obra intensiva as penalizadas no financiamento da Segurança Social”.
Numa altura em que o Governo está a completar dois anos em funções, Pedro Nuno Santos fez uma rápida leitura sobre alguns dos temas da governação, garantindo que o Executivo socialista tem feito “um grande esforço” para que os portugueses recuperem direitos e rendimentos, “dentro das capacidades orçamentais do país”, uma decisão que não impediu, como acrescentou, que o país beneficie hoje do mais baixo défice orçamental das últimas décadas, e de uma dívida pública que está “finalmente a baixar em 2017 e que vai continuar a descer no próximo ano”.
PS não acompanha irresponsabilidade do PSD
Para o secretário de Estado, se há algum Governo com credibilidade para apresentar um programa de recuperação de rendimentos, mas “sustentável do ponto de vista financeiro, “é mesmo este”, garantindo que quando ouve agora o CDS, mas “sobretudo o PSD”, dizer que concorda com o aumento das pensões, afirmando mesmo e sem qualquer pudor “que este aumento devia começar já no próximo dia 1 de janeiro de 2018”, ou ainda que quer o descongelamento das carreiras e mais dinheiro para os serviços públicos, chegando ao ponto de defender ao mesmo tempo a redução dos impostos sobre as empresas e sobre os dividendos, tudo com défice zero, “estamos perante uma clara irresponsabilidade, na qual o PS não vai estar”.