“O 25 de Novembro não foi uma vitória da direita sobre a esquerda, foi uma vitória da esquerda democrática do Portugal de Abril, militar e civil, e de todos os que, de outros campos políticos, com ela se aliaram para derrotar a deriva radical e sectária e o aventureirismo equivocado que ameaçava a realização da democracia”, explicou Pedro Delgado Alves durante a primeira sessão solene evocativa do 25 de Novembro de 1975 na Assembleia da República.
O deputado do PS acrescentou que “o 25 de Novembro não só repôs o espírito e o programa do 25 de Abril, como também impediu as tentações revanchistas da direita radical”.
O vice-presidente da bancada do PS deixou claro que “os elementos da direita extremista e radical que pretendiam aproveitar para erradicar parte da esquerda da vida política nacional fazem, inequivocamente, parte dos derrotados”.
Pedro Delgado Alves evocou depois as palavras de Mário Soares sobre esta data: O 25 de Novembro “foi, obviamente, um ponto de viragem que marcou o fim da desfilada em que estávamos a correr para o abismo. Foi um recomeço; um regresso à pureza inicial do 25 de Abril; um rasgar de novos horizontes de esperança, com a consolidação da democracia pluralista, num ambiente político de convivência cívica, de alguma paz social e de concórdia nacional”.
Assim, o dirigente socialista defendeu que a cerimónia desta manhã deveria ter sido um “exercício sério” para se “promover a concórdia a que Soares alude como conquista maior desse dia”.
“Ao fazê-lo, devemos recusar a opção de quem procura instrumentalizar ou rescrever o passado para alcançar ganhos efémeros no presente”, salientou Pedro Delgado Alves, esclarecendo que “quem o faz falha no seu dever de respeito para com a memória de quem se bateu pela liberdade, e rapidamente descobrirá que não retirará qualquer vantagem da quebra dessa concórdia nacional”.
Pedro Delgado Alves prestou, em seguida, homenagem à “inteligência, pragmatismo e coragem de Ernesto Melo Antunes”, que contribuiu “com o chamado Documento dos Nove para o desenho de uma clarificação moderada para a crise política que marcava o verão de 75”, a Vasco Lourenço, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Sousa e Castro, Vítor Alves e Vítor Crespo.
“É igualmente o dia de saudar António Ramalho Eanes, pela sua firmeza no planeamento e condução operacional, permitindo o desfecho favorável à estabilização e democratização do país. E será também o dia, com justiça, de reconhecer o papel do Presidente Costa Gomes nas decisões finais que evitaram a guerra civil”, apontou Pedro Delgado Alves, comentando que, “estranhamente”, todos os “nomes dos Nove estão ausentes dos dois projetos de deliberação que promoveram a cerimónia” desta manhã.
Mário Soares e PS foram determinantes desde a primeira hora
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS proclamou, “com orgulho”, que “Mário Soares e o Partido Socialista foram determinantes desde a primeira hora para que prevalecesse o caminho em direção à democracia pluralista que hoje temos”.
E garantiu que “se o PS se conta entre aqueles que, inequivocamente, são reconhecidos como vencedores do dia 25 de Novembro, também se conta entre aqueles que compreenderam desde cedo – e até hoje – que a reconciliação nacional começava ali, de imediato, superada que estava a ameaça de guerra civil”.
Pedro Delgado Alves assegurou, pois, que “a melhor forma de homenagear esta capacidade de ultrapassar as divisões é a de não reabrir as fraturas que sabiamente estas gerações fundadoras do regime democrático souberam superar, recusando revisionismos, vontades revanchistas ou provocações”.