Novas regras da PAC ameaçam produtores de leite
O secretário-geral do PS efetuou uma visita à empresa Proleite e a uma exploração agrícola, em Oliveira de Azeméis, Após a visita António Costa reuniu com a direção da CONFAGRI e com os presidentes de todas as suas federações (azeite, floresta, vinho, leite).
Na reunião foram analisados os principais desafios e problemas que se colocam à agricultura portuguesa. Mereceu particular destaque algumas das novas regras de aplicação dos pagamentos diretos a que os agricultores têm direito, de acordo com as novas regras da Política Agrícola Comum, que tal como estão a ser interpretados pelo Governo português podem conduzir a uma perda de cerca de 30% do rendimento dos produtores de leite portugueses, estimada em 14 milhões de euros.
“Chegou o momento de dizer basta. Chegou o momento de mudar de política na Europa”, afirmou o secretário-geral que ouviu ainda um conjunto de propostas e de recomendações que, na perspetiva da CONFAGRI, deverão ser tidas em conta no futuro governo do Partido Socialista.
António Costa considerou ainda ser “inaceitável e muito preocupante verificar como o Governo português aceita ser apresentado como o exemplo de uma política que falhou em toda a Europa”.
“Fico chocado ao verificar que o presidente da Comissão Europeia compreende melhor o que aconteceu em Portugal do que o primeiro-ministro e fico preocupado em verificar que o Governo é absolutamente insensível ao drama social que tem resultado do aumento da pobreza, do aumento do desemprego, de termos regressado a um ciclo de emigração como não vivíamos desde o fim da ditadura”.
O secretário-geral do PS acrescentou também que “nestes anos mais de 300 mil portugueses tiveram de abandonar as suas terras e as suas famílias para ir procurar de novo emprego e uma vida melhor lá fora”.
“Se compararmos os resultados económicos da Europa nestes anos com os dos Estados Unidos, temos bem a demonstração de como esta política foi errada. Creio que todos nós ficámos envergonhados a ver sermos apresentados como um modelo de sucesso de uma política cujo resultado foi pobreza, estagnação, desemprego e aumento da dívida porque convém não ignorar que o objetivo principal desta política era reduzir a dívida e hoje temos um peso da dívida superior no produto e em termos absolutos”.
Quanto às comparações de Portugal com a Grécia ou a recusa das mesmas, o líder do PS considera que não há um problema grego, mas um problema europeu que se manifestou na Grécia, que tem de ter uma solução com uma nova política europeia.
“Não podemos entrar no concurso pelo martírio. Temos de entrar num concurso pela recuperação da dignidade, da prosperidade e do crescimento. É essencial que essa política seja alterada e temos uma grande oportunidade com o novo ciclo comunitário e era decisivo que o governo português alinhasse com os governos que querem inverter esta política europeia”.