Nota de condolências do secretário-geral do PS
Maria Barroso começou a demonstrar cedo essa atitude indomável perante a vida ao abandonar uma carreira onde já era reconhecida como uma das melhores atrizes portuguesas para partilhar o combate pela democracia com o seu marido, Mário Soares, estando presente no ato fundador do Partido Socialista, em 19 de Abril de 1973, em Bad Munstereifel, na Alemanha.
Mas Maria Barroso sempre teve uma voz e um papel próprios nesse combate. Foi candidata pela oposição democrática em 1969. Perante a ditadura, demonstrou bem essa sua permanente caraterística de firmeza e resistência, de “antes quebrar que torcer”. Atitude que sempre manteve até ao fim da sua vida, nas mais diversas funções, com uma sempre muito respeitada intervenção política e social em diferentes domínios.
Depois do 25 de Abril, esse “dia inicial inteiro e limpo” de que falava a sua amiga Sophia de Mello Breyner, Maria Barroso constituiu sempre uma voz ativa em defesa dos valores da democracia e da solidariedade, incansável na defesa dos mais desfavorecidos e no combate à exclusão social.
Em 1976 foi eleita pela primeira vez deputada pelo Partido Socialista, tendo sido reeleita em mais três legislaturas.
Maria Barroso foi uma exemplar primeira-dama de Portugal, com uma ação permanente e influente nos mais diversos domínios sociais. Depois disso foi presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, com a dedicação e o empenho de sempre. Viria a fundar a Fundação Pro Dignitate, em prol dos Direitos Humanos, com atividade em Portugal e nos países de Língua Oficial Portuguesa nessa área e na da prevenção da violência. Foi também uma pedagoga, com uma ação notável à frente do Colégio Moderno.
Maria Barroso teve uma vida cheia, sendo sempre capaz de aliar essa sua intervenção na sociedade à sua sempre presente condição de mulher, mãe e avó.
O Partido Socialista acaba de perder hoje uma sua grande referência, uma militante notável e sempre empenhada. Portugal perde uma cidadã excecional.
O secretário-geral e o Secretariado Nacional do PS partilham a grande emoção, profunda dor e sensação de perda que neste momento é sentida por todos os socialistas. O PS está de luto e foi dada indicação para que as bandeiras do Partido hasteadas nas suas sedes sejam colocadas a meia-haste, numa homenagem sentida à nossa querida camarada Maria Barroso.
O secretário-geral António Costa e o Secretariado Nacional do PS apresentam as suas mais sentidas condolências a toda a família que acaba de sofrer uma perda tremenda. Em particular, ao seu marido, o nosso camarada Mário Soares, aos filhos Isabel e João, aos netos, queremos fazer chegar uma mensagem de solidariedade num momento tão difícil como este. A sua dor é a nossa dor.
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação,
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andresen