home

“No Conselho Europeu de junho vamos sentir que alguma coisa mudou”

“No Conselho Europeu de junho vamos sentir que alguma coisa mudou”

O secretário nacional do PS João Ribeiro deu uma entrevista ao jornal Público, em que defendeu que o Conselho Europeu de junho vai ser o início da viragem sobre a austeridade que se tem vivido.

João Ribeiro começa por afirmar que “hoje começa a haver um grande consenso europeu relativamente à necessidade de haver políticas de crescimento, parar a austeridade de perceber que esta tem um efeito recessivo que vai para além daquilo que era esperado e que não está a resolver nenhum problema. É apenas a política alemã a confrontar-se com a realidade”.

“Eu penso que já no Conselho Europeu de junho vamos sentir que alguma coisa mudou”, defende, acrescentando que “é uma questão de tempo para que todos os países percebam que é necessário inverter o rumo”.

Relativamente ao último Conselho de Estado realizado no Palácio de Belém, declara que o resultado final “reflete o consenso político e social que há em Portugal quanto à necessidade de renegociar a dívida. Não é o que o Governo defende. Mas não há grande diferença em relação ao anterior. Confesso que me soube a pouco”.

O dirigente nacional do PS defende que o “Governo já não tem credibilidade, autoridade política nem condições para representar” o consenso para os próximos Conselhos Europeus.

João Ribeiro criticou o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, por, “no espaço de seis meses, dizer uma coisa e o seu contrário. Depois de ter andado a dizer em todo o lado que está tudo bem, não pode ir agora dizer que, porventura, tem de se olhar para a realidade portuguesa de outra forma e pedir ajuda aos parceiros para renegociar as condições de ajustamento”.

O secretário nacional socialista aponta que o processo de renegociação “é o que permite manter o consenso social e político em torno daquilo que é necessário fazer. Mas vamos mais longe: defendemos a mutualização da dívida, o fundo de redenção”.

“Nós não defendemos perdão da dívida, o que defendemos é renegociação dos termos com os credores oficiais. Há duas formas de olhar para as políticas europeia e nacional. Uma é a ideia de destruição, do rasgar, do radicalizar – e isso é feito quer à nossa esquerda, quer à nossa direita em relação ao Estado social – e depois há a outra visão que é a que tem dado melhores frutos nos últimos 60 anos, que é da construção, de encontrar soluções de compromisso que envolvam todos. É essa a nossa linha estratégica”, explica.

Segundo João Ribeiro, “um partido responsável tem de assentar na realidade e sobre aquilo que sente que pode fazer. E o que o PS sente que pode fazer é: com esse grande consenso social por trás, renegociar as condições para tornar o ajustamento sustentável. O empréstimo a Chipre é 1% abaixo da média dos juros dos nossos empréstimos – e isso pode representar cerca de 700 milhões de euros -, ou seja, o conjunto das nossas medidas permite um ajustamento sustentável e credível”.

“E se houver a inversão indesejada no plano europeu em relação ao crescimento, acreditamos que será possível sair da crise sem falar de soluções mais radicais”, acrescenta.

O dirigente nacional socialista explicou que “as últimas idas de Portugal aos mercados não têm nada que ver com o sucesso do Governo português e não é só também por causa do papel do BCE. É porque Portugal precisa e toda a Europa quer que Portugal entre no mecanismo europeu de estabilidade. E uma das condições é a ida aos mercados em três prazos”.

Leia aqui o artigo