Apontando o passado 24 de fevereiro como o dia em que o mundo “ficou mais perigoso e imprevisível”, Edite Estrela, que participava na reunião plenária extraordinária da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa sobre as consequências da agressão da Federação Russa contra a Ucrânia, frisou que esta invasão “será sempre um marco doloroso para as sociedades democráticas. Nada ficará como dantes”.
A também vice-presidente da Assembleia da República assegurou que, quem revisitar os anos 30 do século XX, poderá “reconhecer no presente alguns sinais que conduziram à tragédia do passado”, e sublinhou que “a história não se repete, mas apresenta semelhanças”.
Ora, “como agora em relação a Putin, também em relação a Hitler os aliados desvalorizaram indícios e probabilidades e foram cedendo ao líder do partido nazi os instrumentos de poder absoluto”, recordou.
Putin “já provou que democracia não faz parte do seu vocabulário”, que os “direitos humanos são os decretados por ele” e que “as fronteiras da Rússia serão onde ele quiser”, lamentou a socialista.
Para Edite Estrela, é óbvio qual o “desígnio de Putin”: “É restaurar o império perdido com o desmantelamento da União Soviética, refazer o império czarista e interferir no modo de vida das sociedades ocidentais. E, se possível, destruir a democracia, financiando a extrema-direita na Europa e interferindo nos processos eleitorais de países democráticos”.
Lembrando que “Putin dispõe de muitos meios para atingir os seus fins”, como por exemplo armas nucleares e cibernéticas, a deputada do Partido Socialista deixou uma questão no ar: “Já imaginaram o que seria Hitler com a bomba atómica e o ciberterrorismo?”.
Edite Estrela pediu depois para ninguém esquecer que “os russos não são Putin”, havendo, por isso, muitos “russos vítimas das atrocidades de Putin”. Como uma cidadã que nasceu numa ditadura, Edite Estrela asseverou que sabe “por experiência o que sofre um povo governado por um ditador”.
Dirigindo os seus pensamentos para as mulheres ucranianas, “que sofrem a inimaginável dor de muitas perdas”, Edite Estrela vincou que “a Ucrânia é membro do Conselho da Europa. O Conselho da Europa é o guardião dos direitos humanos, direitos humanos que Putin não respeita na Rússia e, com esta guerra, viola barbaramente na Ucrânia”.
“Esta guerra não é apenas com a Ucrânia, esta guerra é com os democratas e defensores dos direitos humanos. Esta guerra é connosco”, concluiu.