Mulheres Socialistas de Mangualde manifestam preocupação com impactos da Covid-19 na realidade local
As Mulheres Socialistas da estrutura concelhia de Mangualde terminam o documento que aprovaram precisamente com um pedido aos homens: “decidimos lançar às lideranças masculinas do concelho e do distrito, o desafio proposto pela ONU para uma maior partilha entre homens e mulheres das tarefas de cuidado e apoio à família – campanha #ElesPorElasEmCasa.” Trata-se de um documento onde a análise da situação é feita de forma muito direta: “as estatísticas do Pordata mostram que há uma maioria de mulheres que exercem atividades ligadas à prestação de cuidados de saúde e assistência (auxiliares de saúde, enfermeiras ou médicas e também quem presta cuidados a idosos e dependentes), nos serviços de subsistência (supermercados) ou na restauração e hotelaria, onde dois terços do trabalho é assegurado por mulheres”. A esta realidade, somam-se os vínculos laborais mais precários, o que torna as mulheres particularmente vulneráveis ao desemprego e à pobreza.
A estas preocupações, a que a própria líder das MS-ID, Elza Pais, tem vindo a dar voz, somam-se a preocupação maior com a violência doméstica: “em contexto de crise, tendem a aumentar as situações de violência doméstica e violência sexual, uma vez que o Estado de Emergência nacional resulta no isolamento de muitas mulheres com os seus agressores, o que as vulnerabiliza e desprotege de forma muito mais acentuada, pelo que, desta forma, as mulheres ficam muito mais expostas à violência em contexto de intimidade.”
No documento aprovado, foi analisada muito concretamente a realidade do concelho de Mangualde, que, explicam as MS-ID, “mostra exatamente toda esta realidade de desigualdade de género: nos cinco lares existentes e na UCC, a esmagadora maioria dos cuidados são assegurados por profissionais do sexo feminino que, na maioria dos casos, viram-se obrigadas a dormir nas instituições ou locais destinados a esse efeito dias ou semanas seguidas, sem ter contacto físico com a sua própria família”. O documento prossegue: “estas profissionais acabam por ser expostas a um maior nível de stress na gestão do aumento da pressão laboral, proteção individual e conciliação com o cuidado à família”.
As Mulheres Socialistas estão agora também preocupadas com outra fonte de problemas no horizonte: “a questão da saúde mental, que deverá merecer nesta fase pós Covid-19 uma atenção muito particular, nomeadamente por parte dos cuidados de saúde primários”. Elza Pais considera que “esta matéria não pode ser deixada para um segundo plano, tendo em conta o quão incerto é o futuro”.