Ministros da Saúde querem reforço da soberania médica da Europa na resposta a crises globais
Numa reunião presencial em Berlim e transmitida por videoconferência, a ministra portuguesa, Marta Temido, esteve ao lado dos homólogos alemão, Jens Spahn, e esloveno, Tomaz Gantar, assinalando que a presença física do trio representativo das presidências europeias para os próximos 18 meses foi “uma prova do progresso e normalização da vida social” e que “as crises só podem ser superadas através de diálogo e cooperação” no espaço europeu.
“É essencial que, no enquadramento da estratégia farmacêutica da UE, avancemos para implementar medidas que promovam a soberania médica da Europa e, ao mesmo tempo, evitem protecionismos. Aumentar a transparência da produção de medicamentos, diversificar cadeias de abastecimento e relocalizar a produção farmacêutica na Europa fazem parte do mapa que temos de seguir para nos tornarmos mais resilientes”, afirmou.
Sublinhando o consenso generalizado sobre a importância do reforço do CECD com os meios para “ser uma ferramenta ainda mais valiosa na prevenção e combate de crises globais de saúde”, Marta Temido deixou um aviso para as consequências de futuros problemas de saúde pública que sejam tão graves ou piores do que a infeção provocada pelo SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença Covid-19.
“A disrupção que sentimos nas cadeias de abastecimento globais nos produtos médicos, à medida que o novo coronavírus atingia a Europa, não pode voltar a acontecer. Depender exclusivamente do mercado global para o provisionamento de bens essenciais para proteção da vida, correndo o risco de carências nos nossos sistemas públicos de saúde, não é uma opção”, alertou.
Marta Temido enfatizou que a Europa precisa de apresentar “respostas efetivas às necessidades de saúde dos doentes”, sem temer um maior investimento e reforço de fundos nas instituições comunitárias nesta área, elencando, a este propósito, as prioridades para a presidência portuguesa no primeiro semestre de 2021.
“Vamos persistir no nosso objetivo comum de assegurar a recuperação económica e social. No nosso semestre vamos focar-nos nas quatro prioridades: saúde global e governança; saúde e alterações climáticas; acesso universal acessível e sustentável a medicamentos; e, por fim, saúde digital”, sustentou.