Ministro do Ambiente defende que não se pode falhar no desafio da neutralidade carbónica
“Não podemos permitir que outros falhem porque nós também não vamos falhar”, enfatizou, em declarações aos jornalistas, à margem da sua intervenção, lembrando que, por se encontrar na bacia do Mediterrâneo, Portugal é um dos países mais vulneráveis às alterações climáticas, de que são exemplos os efeitos da seca no sul do território e os 15 quilómetros de costa perdidos para o avanço do mar.
João Pedro Matos Fernandes manifestou-se convicto de que sairá um acordo das negociações mantidas na cimeira, mas fez questão de ressalvar que não se pode passar à frente da questão da regulação do mercado de licenças de emissão de dióxido de carbono, matéria sobre a qual disse mesmo ser preferível nenhum acordo a um mau acordo.
“O trabalho técnico está feito, agora cabe aos não técnicos serem capazes de fechar” as negociações, apontou, salientando a posição portuguesa, de que todos os créditos de emissões que existem desde a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 1997, têm que desaparecer, acrescentando que em conjunto, os membros da União Europeia têm que ser “muito intransigentes” nessa exigência.
A seguir a Quioto, explicou, “o mercado foi invadido por créditos de carbono, certamente bem-intencionados, mas que não se conseguem controlar”, acrescentando que sem que desapareçam não se pode, “em situação alguma, avançar para um novo mecanismo de mercados de carbono”.
Portugal promove conferência sobre financiamento da neutralidade carbónica
A par da intervenção em plenário do ministro do Ambiente e da Ação Climática, a presença de Portugal no palco da Conferência, esta quarta-feira, será ainda marcada pela promoção de um debate para discutir o financiamento da transição para a neutralidade carbónica.
No pavilhão da União Europeia, João Pedro Matos Fernandes, representantes da EDP, ambientalistas, Banco de Portugal e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente debatem a estratégia de longo prazo de Portugal, à luz do compromisso do país de atingir em 2050 a neutralidade carbónica, sobretudo no que respeita aos mecanismos de financiamento da transição.