Ministro da Defesa: homens são os “maiores agentes” na abertura das Forças Armadas às mulheres
João Gomes Cravinho discursava no evento “Promoção da Igualdade de Género na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), no Instituto Universitário Militar, e condenou “a mentalidade de século XIX, que entende que o lugar das mulheres é exclusivamente na retaguarda, em casa, no papel de mãe ou de esposa”.
“Infelizmente essa mentalidade ainda está presente e por vezes ouvem-se vozes ultramontanas a zurzir contra um mundo que já não compreendem, mas isso pouco importa: haverá sempre quem queira regressar a séculos anteriores”, disse.
Para o responsável governamental, “a Defesa Nacional não é e não pode ser, uma exceção neste processo rumo à igualdade” e “só uma Defesa Nacional que seja o reflexo da sociedade que ambicione ser um motor de progresso e de liderança, poderá ser uma fonte inspiradora para os jovens a servir nas fileiras”.
“E nesse processo, os homens são os maiores e mais importantes agentes de mudança na abertura das Forças Armadas à presença de mulheres, em cada vez maior número e em funções cada vez mais variadas. As lideranças, na sua esmagadora maioria ainda masculinas, devem ter políticas de tolerância zero a toda e qualquer forma de discriminação de géneros. E esta discriminação é muitas vezes manifestada de forma informal, na interação que acontece nas academias, nas bases, nas estruturas”, continuou.
Segundo o ministro da Defesa, “o fundamental é” saber “combater as barreiras invisíveis, profundamente enraizadas, que continuam a impedir uma jovem mulher de imaginar que pode servir nas fileiras das FA, ou de a impedir de desempenhar funções operacionais nas armas combatentes, ou de ser uma general de quatro estrelas, ou uma Chefe do Estado Maior-General das FA (como aliás já acontece hoje na Eslovénia), ou que possa ser o que ela bem entender e for capaz de alcançar”.
“É para progredir rumo a esta direção que, em linha com os esforços do governo, aprovámos este ano o Plano Setorial da Defesa para a Igualdade, para o triénio 2019-2021. Este plano apresenta um conjunto ambicioso, mas realista, de metas a atingir pelas diferentes entidades da defesa. Estamos a acompanhar a sua implementação e mantemos as questões relativas à igualdade como um eixo prioritário da nossa ação. A criação em julho passado, do Prémio da Defesa Nacional e Igualdade é mais um passo nesse rumo”, destacou, mostrando-se ainda satisfeito por “a larga maioria” dos membros da CPLP já ter “em vigor planos semelhantes”.