Ministro da Defesa homenageia Salgueiro Maia e defende trabalho permanente da defesa de Abril
“Isso é um trabalho em curso permanente, mas o fundamental é que nunca nos esqueçamos dos valores dos princípios fundamentais de liberdade, de democracia, de respeito, de convívio, de sabermos que somos uma comunidade em que temos de valorizar os outros que vivem connosco neste mesmo espaço”, disse João Gomes Cravinho.
O governante falava aos jornalistas em Castelo de Vide, à margem da cerimónia de inauguração de um monumento com um modelo da chaimite V-200, “ícone de Abril”, em frente ao busto de Salgueiro Maia, na Praça 25 de Abril, iniciativa promovida pelo município.
O ministro da Defesa, que sublinhou que os valores de Abril têm estado presentes ao longo dos anos, recordou ainda que Salgueiro Maia “não tinha vocação partidária”.
“Salgueiro Maia era uma pessoa que não tinha nenhuma vocação partidária e eu creio que é muito importante ao lembrarmos Salgueiro Maia respeitarmos esse princípio.
“Felizmente, desde o 25 de Abril, todos os Governos têm sabido respeitar esses princípios fundamentais que Salgueiro Maia encarnava”, disse.
A chaimite V-200 que a partir de hoje figura na Praça 25 de Abril, data em que o oficial completaria 75 anos de vida, é um modelo igual ao que transportou o capitão Salgueiro Maia no dia 25 de Abril de 1974.
“É uma honra estar aqui neste dia de homenagem ao Salgueiro Maia. Salgueiro Maia representou o que de melhor temos entre nós portugueses”, disse o ministro da Defesa.
“A Constituição que nós temos desde pouco depois do gesto heroico de Salgueiro Maia é uma Constituição que consagra os valores e os princípios que eram dele e que são de todos nós hoje em dia. Não eram reconhecidos como os valores fundamentais dos portugueses à época e ele reconheceu que tinha chegado o momento de dizer basta”, acrescentou.
Também presente na homenagem, a viúva do capitão de Abril, Natércia Salgueiro Maia, mostrou-se emocionada com a homenagem defendendo, em declarações à agência Lusa, que aquela cerimónia constitui “um motivo” para que os portugueses “façam alguma coisa” para que o país “seja melhor”.
Na cerimónia militar que antecedeu a inauguração do monumento, o presidente da Câmara de Castelo de Vide, António Pita (PSD), recordou que está a ser criado, no castelo da vila, a Casa da Cidadania Salgueiro Maia, num investimento de três milhões de euros.
De acordo com o autarca, nesta altura o projeto aguarda o visto do Tribunal de Contas.
Salgueiro Maia expressou duas vontades em testamento, uma foi ser sepultado em Castelo de Vide, em campa rasa, e a outra foi deixar o seu espólio ao município para que fosse objeto de musealização.
Entre as peças que fazem parte do espólio a instalar no núcleo museológico figura o conhecido megafone com que, em 25 de abril de 1974, no Largo do Carmo, em Lisboa, o então capitão intimou Marcelo Caetano a render-se e a entregar o poder às forças da democracia.
O espaço museológico vai também exibir o uniforme e o ‘quico’ que Salgueiro Maia envergava nesse dia, entre outros uniformes, divisas, flâmulas, estandartes e pendões, insígnias, diplomas e louvores, documentos militares e fichas escolares pertencentes ao militar.
A Casa da Cidadania Salgueiro Maia vai acolher ainda uma área com cartazes, fotografias e uma coleção de miniaturas de carros de combate, a especialidade de Salgueiro Maia como oficial de Cavalaria e a sua grande paixão profissional.