Ministra da Saúde diz que não tem condições de satisfazer algumas pretensões dos médicos
“Compreendo que seja difícil responder inteiramente às expectativas dos profissionais e que isso possa ser entendido como justificativo de algumas formas de luta, que respeito, mas que não posso deixar de contrapor, assinalando tudo o que foi feito e o que ainda estamos a fazer”, referiu a governante.
Marta Temido falava à agência Lusa à margem da cerimónia de abertura da convenção “Pensar & Agir em saúde de proximidade”, que decorre durante o dia na Biblioteca Municipal de Penela, após um momento evocativo de António Arnaut, criador do Serviço Nacional de Saúde (SNS), natural daquele concelho.
Instada a comentar a falta de acordo do Ministério com duas estruturas sindicais dos médicos, que mantêm a greve de dois dias marcada para o início de julho, após a reunião de quinta-feira à noite, a ministra da Saúde disse que, nesta legislatura, o Governo não consegue responder a algumas das reivindicações médicas.
“Fomos claros quanto a isso desde o início”, sublinhou a governante, salientando que tem sido percorrido “um caminho muito longo desde o início da legislatura relativamente a várias áreas profissionais de saúde, concretamente à profissão médica”.
Segundo Marta Temido, “não é possível agora reduzir a lista de utentes por médico de família”, mesmo que compreenda que, “face ao peso demográfico e de patologias da população”, é uma necessidade que tem de se “rever e de pensar para futuro”.
“Não nos é também possível reduzir o período de trabalho normal do serviço de urgência de 18 para 12 horas, porque continuamos ainda a ter um SNS muito assente nos serviços de urgência e, portanto, teremos de começar por o reestruturar antes de pensarmos nessa reorganização do trabalho médico, e depois teremos também de discutir a alocação dessas horas que, dessa forma, ficam libertas”,
A ministra da Saúde referiu ainda que não é possível à tutela discutir um estatuto sobre desgaste rápido ou de reforma antecipada, da mesma forma que não foi possível para outros grupos profissionais da saúde: “Portanto, não poderíamos ter aqui uma posição diferente relativamente a esses temas”, afirmou.
No entanto, acrescentou, existem temas em que há acordo, “nomeadamente quanto à necessidade de melhorar as condições de trabalho e os incentivos, de garantir que os concursos são atempados e as progressões na carreira existem e que alguns grupos de profissionais médicos que trabalham em determinadas áreas, como o INEM, têm um estatuto de segurança reforçado”.