Para Miguel Costa Matos, não faz nenhum sentido que o PS, por dispor de uma maioria absoluta no Parlamento, se feche “nas sedes partidárias, nos auditórios ou em maiorias conjunturais”, defendendo que o partido tem de estar sempre aberto a “construir um diálogo estrutural” com a esquerda “que partilhe a mesma visão de sociedade, e a ideia de que a liberdade e a justiça dependem da igualdade de oportunidades”.
Caso volte a ser eleito, no Congresso de 16 a 18 de dezembro, em Braga, Miguel Costa Matos assumirá o segundo mandato à frente da JS depois de ter sucedido em 2020 a Maria Begonha. Um segundo mandato que, garantiu, terá um “impacto tangível na vida dos jovens”, desde logo, com a continuação da defesa das “causas feministas e antirracistas” e da luta por um ensino superior “mais democrático com propina zero”, para além de outros pressupostos como a “legalização da canábis, o fim de todos os estágios sem remuneração e o pagamento de todas as horas extraordinárias”.
Mas outras lutas e outras batalhas, tal como garantiu ontem, durante a apresentação da sua candidatura, no Teatro Camões, em Lisboa, farão igualmente parte das preocupações e da agenda de trabalho. Desde logo, como salientou, a questão da saúde mental dos mais novos, mas também avançando na defesa de medidas que de algum modo contribuam para “modificar o panorama político-social do país”, dando a este propósito o exemplo da realização de um referendo para a regionalização “já em 2024”, tal como indica o programa eleitoral do PS.
Para Miguel Costa Matos, os problemas e as batalhas que os mais novos têm pela frente não se restringem, contudo, aos desafios que de algum modo mais diretamente lhes dizem respeito. Para o jovem socialista, as questões de política geral têm igualmente tudo a ver com o seu futuro, lamentando a este propósito a projeção que os partidos da extrema-direita estão a ter um pouco por toda a Europa. Sobre o que se passa em Portugal, Miguel Costa Matos criticou a aproximação “já muito clara e visível” do PSD ao Chega, lembrando que a história da Europa e do mundo está carregada de exemplos de partidos moderados que acabaram a servir de suporte à ascensão da extrema-direita ao poder.
Manter rumo de confiança contra uma direita retrógrada
Presente nesta sessão, o líder da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, Duarte Cordeiro, atual ministro do Ambiente e da Ação Climática, que também já foi líder da JS, começou a sua intervenção por coincidir na tese de que o PS em nenhuma circunstância se deve “fechar na maioria absoluta”, apelando às dezenas de jovens presentes neste encontro para que “não tenham medo de colocar pressão”, com as suas ideias e com as suas propostas, “nos autarcas e nos governantes”.
Lamentou também que a extrema-direita esteja numa clara ascensão em alguns países europeus, defendendo, contudo, que o fenómeno em Portugal, por enquanto, como salientou, restringe-se a uma direita mais retrógrada que aguarda por eventuais “deslizes dos socialistas”, pedindo por isso a todos que mantenham a “confiança no trabalho” desenvolvido pelo Governo do PS liderado por António Costa.
Duarte Cordeiro teve ainda ocasião para elogiar uma vez mais a ação do líder do executivo socialista, António Costa, quando este reafirmou que a posição do PS, “apesar de ter a maioria absoluta”, é a de continuar a negociar na Assembleia da República com os restantes partidos para apresentar aos portugueses “as melhores soluções para a vida das pessoas e dos jovens”, dando a este propósito o exemplo das políticas de habitação e reafirmando que o PS, também nesta área, “está a fazer um trabalho virado para o futuro”, assumindo que o Governo socialista “tem os políticos competentes nos lugares certos”.