Merkel e António Costa debatem UEM e novo quadro financeiro europeu
A líder do Governo alemão, Angela Merkel, aterrou hoje, ao princípio da tarde, no aeroporto do Porto, onde iniciou uma visita de dois dias a Portugal a convite do primeiro-ministro português, com uma deslocação ao Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), onde foi recebida por cerca de 100 alunos de doutoramento das três linhas de investigação do instituto, seguindo depois para Braga onde inaugurou a nova Unidade de Tecnologia e Desenvolvimento da multinacional alemã, Bosch, instalada na capital do Minho, há mais de 20 anos.
Esta visita de dois dias a Portugal da chanceler Angela Merkel, com o dia de hoje a ser reservado aos temas económicos, empresariais e científicos, sobretudo no norte do país, terá amanhã, no segundo e último dia, o seu principal ponto de interesse, depois da audiência que o Presidente da República concederá a Angela Merkel, no Palácio de Belém, a reunião de trabalho com o primeiro-ministro, António Costa, onde, entre outros temas, os dois líderes debaterão a reforma da União Económica e Monetária, o novo quadro financeiro plurianual europeu, tema sobre o qual, certamente, o primeiro-ministro manifestará a sua discordância face à última proposta da Comissão Europeia, a questão dos refugiados, tema sobre o qual os dois líderes deverão chegar ao próximo Conselho Europeu em 28 e 29 de junho, em sintonia sobre a estratégia a seguir, e os necessários avanços ao nível da união bancária.
A líder do Governo alemão já manifestou, por mais de uma vez, a confiança que tem no primeiro-ministro português, António Costa, como alguém com a necessária capacidade política para ajudar à construção de novos consensos entre os diferentes Estados-membros, tendo Angela Merkel, em sucessivas intervenções públicas, defendido que só com a união de todos os Estados da União Europeia será possível ultrapassar os diversos obstáculos que a Europa, quer a nível interno, quer externo, tem pela frente.
Reforma do euro
Desde que assumiu funções governativas, em novembro de 2015, que o primeiro-ministro português vem insistindo na necessidade de os países da moeda única avançarem com a reforma da zona euro, defendendo António Costa que a União Económica e Monetária tem de ser um espaço de convergência e não, como sucede atualmente, de “crescentes assimetrias” entre os diferentes Estados-membros.
Uma posição que tem sido contrastante com as teses defendidas por alguns países do Norte da Europa e por alguns destacados economistas alemães, classificados como “ortodoxos” e defensores das velhas políticas da austeridade, posições em relação às quais a chanceler Angela Merkel se tem demarcado, colocando-se bastante mais próxima das orientações defendidas pelo primeiro-ministro António Costa.
Há muito que é conhecida a tese do primeiro-ministro português que, sem um reforço dos meios financeiros, a União Europeia não terá condições para enfrentar os desafios que tem pela frente, considerando António Costa que não é retirando dinheiro à Política Agrícola Comum ou às políticas de coesão, princípios sustentados pelos países defensores de um orçamento europeu mais restritivo, que a União Europeia se poderá fortalecer.