Mário Soares sempre
Preso várias vezes antes do 25 de Abril, defensor de presos políticos de várias origens, foi grande antifascista. Exilado e deportado, continuou a bater-se contra a ditadura. Depois de Abril, ao lado dos militares que queriam uma democracia pluralista, bateu-se e ganhou, com as vitórias eleitorais de 75 e 76 e a aprovação da Constituição. Foi primeiro-ministro em condições muito difíceis, pondo sempre os interesses do País à frente dos partidários. E com Mário Soares entrámos na CEE. Partindo de sondagens muito baixas, conseguiu passar à segunda volta das presidenciais. Nesse dia de passagem a minha alegria foi enorme pois compreendi que ia ganhar e tinha-o apoiado desde a companha derrotada das legislativas de 85.
Foi um grande Presidente, sempre perto do povo e conseguindo que os antigos adversários o apoiassem na reeleição.
Quando saiu em 95, continuou a intervir energicamente contra abusos autoritários e contra a invasão do Iraque. Esteve a meu lado nos períodos mais difíceis quando fui secretário-geral do PS, entre 2002 e 2004. Entretanto era deputado europeu.
Até ao fim da vida bateu-se contra as políticas de austeridade baseadas no pensamento único, originado por uma globalização desregulada de cariz neoliberal.
Foi herói pelo menos uma vez para todas as gerações de portugueses e anti colonialistas.
Obrigado, Mário Soares. Que sempre o seu exemplo se reflita na nossa coragem, determinação e ousadia!
Eduardo Ferro Rodrigues
Presidente da Assembleia da República