Mário Soares homenageado como um dos grandes europeus
Um ano após a sua morte, Mário Soares foi hoje lembrando em Bruxelas, numa homenagem prestada pelo Parlamento Europeu, que atribuiu ao fundador do PS, ex-primeiro-ministro e ex-Presidente da República de Portugal, o seu nome a uma das salas daquela assembleia, numa cerimónia muito concorrida, que contou com a presença, entre outras personalidades, para além do primeiro-ministro, António Costa, dos dois filhos, João e Isabel Soares e do ex-primeiro-ministro espanhol, Filipe Gonzalez.
Na sua intervenção, António Costa começou por manifestar satisfação pela iniciativa, recordando que Mário Soares, para além de ter sido “um grande homem e um grande português”, foi também um “cidadão europeu e do mundo”.
Alguém que defendeu o projeto de uma Europa unida, como lembrou António Costa, como uma “admirável construção política” de que os cidadãos e os povos europeus, como não se cansava de afirmar, “tinham o direito, e até o dever”, de se orgulhar, manifestando sempre Mário Soares um grande “desprezo e até ódio” pela Europa dos “burocratas e dos tecnocratas, dos resignados e dos desistentes”.
Luta contra a ditadura
Lembrando o percurso de Mário Soares, o primeiro-ministro recordou o seu papel de resistente à ditadura do Estado Novo e a luta pela democracia que empreendeu durante o período de maior radicalização da revolução do 25 de abril de 1974, tarefas que executou, como realçou, antes e depois de ter assumidos “altos cargos” no país e na Europa, quer como Secretário-geral do PS ou como dirigente da Internacional Socialista ou deputado ao Parlamento Europeu, quer ainda como primeiro-ministro ou Presidente da República.
Para António Costa, Mário Soares sempre preservou como sua prioridade e objetivo “instituir, consolidar, aprofundar e enraizar” em Portugal uma democracia europeia pluralista, pluripartidária e desenvolvida, “sem ambiguidades, adiamentos ou álibis”.
Ao ter conseguido alcançar estes objetivos, o que para o primeiro-ministro, como referiu, terá sempre que ser considerado como “um grande feito”, ganhou ele, mas ganhou também Portugal e a Europa, com a sua “ousada visão estratégica”, que não “vacilou um instante”, lembrando que foi Mário Soares quem subscreveu, em 1977, o pedido de adesão de Portugal à então CEE, tendo mais tarde, em 1985, logrado concluir as negociações e assinar o Tratado de Adesão à Europa.
Já na parte final da sua intervenção, António Costa, depois de se regozijar por esta homenagem que junta o nome de Mário Soares aos de outras grandes personalidades e ilustres dirigentes europeus, como Kontad Adenauer, Willy Brandt ou Simone Veil, entre outros, lembrou que Mário Soares esteve entre os políticos europeus “que mais falaram e escreveram sobre a Europa”, textos que testemunham, como assinalou, as “suas alegrias, os seus apelos e as suas euforias e preocupações”, mas também as suas “advertências, deceções e indignações”, sustentando que “Mário Soares foi um militante da Europa”, alguém em quem Portugal e os portugueses “têm muito orgulho”.