Mário Ruivo
Ainda em 2015, Mário Ruivo foi distinguido com o Prémio Cidadão Europeu, atribuído a quem contribua para a promoção do entendimento e a integração de cidadãos na UE e a cooperação entre países. O seu papel foi crucial na bem-sucedida candidatura de Lisboa a sede da Agência Europeia de Segurança Marítima. Foi ainda durante anos o coordenador da Comissão Mundial Independente dos Oceanos, no pleno reconhecimento global da sua absoluta autoridade neste tema, no qual se tornou uma das vozes mais escutadas internacionalmente.
Em Portugal foi um incansável lutador contra a ditadura derrubada em Abril de 1974, o que lhe chegou a custar a prisão e a obrigatoriedade de se refugiar fora do país. No Portugal democrático desempenhou as mais variadas funções, quer oficiais, quer no seio da sociedade civil, quer fossem políticas – em que foi sempre interventivo -, quer fossem de carácter científico.
A morte do professor Mário Ruivo constitui uma profunda baixa para Portugal, que perde uma das suas personalidades mais notáveis e inspiradoras, uma das suas figuras de maior prestígio na comunidade científica internacional.
Neste momento de profunda consternação, o Partido Socialista apresenta à sua família e a todos os seus amigos as suas mais sentidas condolências.
Pioneiro na defesa dos oceanos e nas políticas ambientais
Biólogo formado pela Universidade de Lisboa, Mário Ruivo especializou-se em Oceanografia Biológica e Gestão dos Recursos Vivos na Universidade de Paris – Sorbonne.
Considerado um cientista e político pioneiro na defesa dos oceanos e no lançamento das temáticas ambientais em Portugal, Mário Ruivo foi presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, e do Comité para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO. Entre 1995 e 1998 foi coordenador da comissão mundial independente para os oceanos e ainda conselheiro científico da Expo 98.
Entre outros cargos desempenhados, foi também ministro dos Negócios Estrangeiros em 1974-75, secretário de Estado das Pescas, diretor-geral dos Recursos Aquáticos e Ambiente do Ministério da Agricultura e Pescas (1975-1979) e presidente da Comissão Nacional para o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura (1974-1979).
“Livre e comprometida, foi toda a vida pública do professor Mário Ruivo. Na política, mas sobretudo no ambiente, deixa um legado inultrapassável”, referiu, em nota de pesar, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes.
Também o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, evocou o “reputado cientista, pioneiro na defesa dos oceanos e no lançamento das políticas de ambiente em Portugal”, lembrando ainda o seu ativismo como “destacado antifascista, desde cedo ligado aos movimentos da resistência”, assim como o exercício de “inúmeros cargos e funções relevantes no Governo português”.
Partilhando com Mário Ruivo a formação na área da biologia e da oceanografia, o eurodeputado socialista Ricardo Serrão Santos recorda “uma personalidade excecional, ímpar e visionária, que marcou a agenda nacional e internacional do Oceano no contexto do conhecimento e da governação”.
“Num tempo em que a economia azul, a sustentabilidade dos ecossistemas e o combate às alterações climáticas são paradigmas do desenvolvimento”, o legado de Mário Ruivo na promoção dos valores humanistas e na proteção dos recursos naturais “evidencia uma perfeita clarividência e mantém uma ação inspiradora”, destacou ainda.
Em 2015, por proposta dos eurodeputados socialistas portugueses, Mário Ruivo foi distinguido com o prémio “Cidadão Europeu”, na área da proteção do ambiente, pela sua atividade profissional, cívica e académica ao longo da vida na defesa do ideal europeu.