Mário Centeno: PSD tem 4.750 ME por explicar no seu programa
“Temos, pelo menos, 4.750 milhões de euros no éter, destas contas, que é necessário explicar. E isto só tem uma consequência, que é a instabilidade das políticas económicas”, afirmou Mário Centeno, em conferência de imprensa, na sede nacional do PS, em Lisboa.
“Voltamos à instabilidade da política fiscal, voltamos aos cortes à pressa para tentar resolver questões orçamentais causadas por orçamentos mal desenhados”, considerou o titular da pasta das Finanças no Governo socialista, em referência às contas apresentadas pelo PSD.
Mário Centeno apontou, depois, “três riscos” que comprometem as contas do programa social-democrata: no crescimento económico, na receita e no aumento da despesa.
“Se alinharmos a receita com o crescimento económico médio previsto nas previsões das instituições independentes, faltam 3.900 milhões de euros por explicar no cenário do Partido Social-Democrata”, afirmou Centeno.
O candidato do PS afirmou ainda, relativamente à receita, que mesmo que se considere o crescimento do PIB “irrealista” projetado pelo PSD, a receita “está sobrevalorizada em 2.000 milhões de euros, apenas pelo efeito da reação dos impostos à atividade económica”.
Já relativamente à despesa prevista pelo PSD, Centeno considerou que “está subfinanciada em 2.750 milhões de euros”.
“Se alocarmos os 25% para a redução dos impostos, os 25% para o aumento do investimento, e aquilo que é necessário alocar para que o saldo orçamental vá desde um défice em 2019 para um ‘superavit’ [excedente] em 2023, faltam 2.750 milhões de euros de despesa para justificar”, afirmou.
“Isto é o regresso aos retificativos, porque este cenário tem que ser retificado, aos défices excessivos, porque a economia, perante a incerteza destes cenários, vai obviamente entrar em dificuldades”, concluiu Centeno.
O ministro das Finanças do Governo socialista apontou ainda que ao contrário do que o PSD tem vindo a dizer ao longo dos últimos dias, o consumo não foi o motor do crescimento económico em Portugal nos últimos quatro anos. “Voltamos àquela rábula de que a culpa dos desequilíbrios é de quem consome e é dos portugueses. Essa rábula já está fechada. Não vamos entrar outra vez na mesma história de que a culpa do que quer que se passe é de quem consome”, sublinhou.
“Portugal cresce porque exporta e investe, e não porque consome”, acentuou, apontando que as análises económicas apresentadas pelo PSD “estão erradas, e não se pode ter uma receita certa quando se parte do diagnóstico errado”.