“Mário Centeno faz falta em Portugal”
Um cenário que António Costa disse não ser uma prioridade, alegando que a permanência a tempo inteiro do ministro das Finanças, Mário Centeno, no Governo é “muito útil”, sobretudo, como referiu, numa fase em que Portugal ainda tem “vários dossiês” a negociar no quadro do Eurogrupo.
Para o primeiro-ministro, Mário Centeno “seria certamente um excelente presidente do Eurogrupo”, reconhecendo que o convite não só é “prestigiante para o ministro das Finanças como para o país” e confirmando que a sua “performance” enquanto ministro das Finanças é hoje não só reconhecida em Portugal, como nos restantes países que integram o Eurogrupo.
Segundo António Costa, esta seria uma “má solução”, porque o ministro das Finanças, como justificou, “faz falta a Portugal”. Uma ideia que o primeiro-ministro reforçou, mesmo não deixando de reconhecer a importância e o papel determinante que tem a presidência do Eurogrupo.
Sistema financeiro está melhor
Quanto ao sistema financeiro, outro dos temas abordados nesta entrevista, António Costa fez um balanço positivo do trabalho desenvolvido pelo Governo que lidera, lembrando que há apenas um ano Portugal debatia-se com uma situação “muito grave”, que foi melhorando ao ponto, como referiu, de o país ter hoje todas as condições para sair do procedimento por défice excessivo.
Em relação à solução encontrada para o Novo Banco, António Costa, argumentou que “foi a possível e a mais equilibrada”, reconhecendo que “não vivemos na Alice no País das Maravilhas”.
Não deixou contudo de recordar o estado “dramático” em que se encontrava, há apenas um ano, o sistema financeiro português, criticando o executivo anterior por não ter tido o sistema financeiro português como uma prioridade, comparando-o com o cenário presente, onde “temos o BPI com o seu problema acionista ultrapassado, o Novo Banco vendido e a Caixa Geral de Depósitos 100% capitalizada e integralmente pública”, para além, como referiu ainda, do Millenium BCP estar agora “devidamente capitalizado”.
Sobre o crédito malparado, António Costa garantiu que não irá nascer um banco mau para resolver o problema, defendendo que Portugal necessita de uma instituição especializada em recuperação de crédito que “valorize os ativos” e que “não os faça serem tratados como lixo como tem sucedido”, problema que, em sua opinião, tem de ser resolvido, mas que não impede que Portugal saia do Procedimento por Défice Excessivo, garantindo, pelo contrário, “só ver razões” para que tal venha a acontecer.
Razões, como enumerou, que passam, designadamente, não só pela estabilização do sistema financeiro nacional, como ainda por Portugal ter apresentado o défice das contas públicas mais baixo desde há 40 anos, 2,1% do produto em 2016, baixando, segundo a previsão do Governo, como garantiu, no próximo ano, para 1,6%.