Maria Elisa e Maria Emília Brederode Santos
Ponho uma enorme esperança na vitória de António Costa
Estou cansada de ver à frente do país um Governo que trata as pessoas com uma total insensibilidade, reduzindo-as a meros números.
Um governo que tirou os sonhos e o ânimo a centenas de milhares de jovens, obrigando-os a emigrar por não arranjarem trabalho no seu país ou por não terem recursos para continuar a estudar.
Um governo que reduziu as pensões dos mais idosos, até mesmo as que já eram modestas, tornando os pobres cada vez mais pobres, muitas vezes impossibilitados de comprar os medicamentos indispensáveis ao seu tratamento.
Um governo que amputou de tal forma os recursos da classe média que se multiplicaram os “novos pobres”, incapazes de alimentar sequer as suas famílias com um mínimo de qualidade ou fazer face às necessidades prementes das criancas e jovens em idade escolar.
Um governo que desprezou e hostilizou a cultura, não compreendendo sequer que, sem cultura, a alma de um país está ferida de morte.
Acredito que, com a vitória de António Costa, podemos reverter esta situação, tratando novamente as pessoas como pessoas; dando novo alento aos sonhos dos mais jovens; restituindo a dignidade aos mais vulneráveis.
Apoiei António Costa para a Câmara da minha cidade e ele não me desiludiu: cumpriu as suas promessas, melhorando, de forma que salta à vista de todos, a qualidade da vida em Lisboa.
Ao contrário do Governo cessante, António Costa é um homem de palavra. Um homem que acredita que “palavra dada é palavra honrada”.
No domingo, votarei António Costa, certa de que, mais uma vez, ele não me desiludirá. Nem a todos os portugueses que, no dia 4, vão depositar os destinos do país nas suas mãos.
Maria Emília Brederode Santos
Responder ao medo com confiança
A confiança é como o vidro: uma vez quebrado dificilmente se reconstitui. A democracia representativa assenta na confiança do eleitor no seu representante. Ora nós, cidadãos portugueses, sabemos bem que esta confiança foi quebrada por um governo que fez o contrário do que disse que faria, criou leis que aplicou retroativamente, suspendeu direitos, retirou protecções sociais aos mais pobres, empobreceu as classes médias, criou divisões e ódios entre os portugueses – trabalhadores privados contra funcionários públicos, jovens contra a “peste grisalha”, o continente contra as regiões autónomas, o interior contra o litoral – e vice-versa. Dividiu para reinar mas não conseguiu resolver nenhum dos problemas económicos e financeiros do país, só os agravou: ainda esta semana a imprensa recordou que o deficit de 2014 foi de 7,2% do PIB! Se apesar disso cá vamos sobrevivendo é apenas à custa da carga de impostos que sofremos.
Apesar desta situação, as sondagens indicam um quase empate técnico entre a coligação do governo e o principal partido da oposição. Como é possível? Não querendo pôr em causa a fiabilidade das sondagens (embora as que assentam em chamadas para telefones fixos só possam ter uma amostra extremamente enviesada…) a única explicação que vejo está no medo. Medo das profundas transformações tecnológicas e das suas consequências para o trabalho e o emprego; medo da economia globalizada e desregulada com os consequentes movimentos populacionais e a desvalorização do trabalho; medo da situação internacional – das guerras, das tensões, de uma Europa que parece estar a desfazer-se; medo da redução de Portugal a um lugar cada vez mais periférico. Medo da insegurança, da precariedade, da pobreza. E o medo conduz ao conservadorismo masoquista: que fiquem estes que já sabemos como são …
Ora a resposta a este medo não se pode procurar na coligação PaF que já demonstrou não conseguir resolver problema nenhum e apenas os adiar à custa do aumento de impostos sobre quem trabalha e quem trabalhou.
Eu não sei se o PS conseguirá resolver a crise que atravessamos e que nos ultrapassa. Mas sei é que nas tentativas que fizer não se alegrará por ter um pretexto para cortar direitos adquiridos, desvalorizar o trabalho, contribuir para a destruição da classe média e aumentar o fosso e os conflitos sociais. Sei que o PS procurará sempre ter em conta a defesa dos mais fracos e a proteção das classes médias em que assenta a democracia.
Sei que António Costa lutará com força e determinação contra a crise e a crispação da sociedade e que para isso preferirá contar com o apoio dos portugueses mais do que com efémeros e caprichosos favores de qualquer entidade nacional ou internacional sempre disposta a ajudar-nos em seu próprio benefício…
Não duvido que exigirá uma boa arrumação das contas públicas, que recusará luxos e desperdícios – como o fez na Câmara de Lisboa – mas trabalhará com uma visão de futuro e apostará na educação, na cultura, no saber e na modernidade.
Confio em António Costa porque tem procurado preparar-se seriamente para a governação, sabendo que os problemas económicos e financeiros do país são graves mas sem descurar a defesa dos cidadãos e o investimento produtivo como condição de emprego e crescimento. Confio em António Costa porque confio que o PS é hoje o único partido em Portugal que constitui uma alternativa realista de governo.