Manuel Alegre vence Prémio Camões 2017
“Como poeta, começou a destacar-se nas coletâneas ‘Poemas Livres’ (1963-1965). Mas o grande reconhecimento nasce com os seus dois volumes de poemas, ‘Praça da Canção’ (1965) e ‘O Canto e as Armas’ (1967), apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande circulação nos meios intelectuais”, lê-se no comunicado do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que deu conhecimento oficial da decisão.
O histórico socialista disse ter recebido a notícia com “serenidade e alegria”, afirmando-se “muito honrado, sobretudo porque do júri fazem parte pessoas distintas, que me merecem toda a consideração, e porque o prémio tem um grande significado”. O autor fez questão de acrescentar que “o reconhecimento maior é o que vem dos meus leitores através dos tempos, vencendo várias formas de censura”.
Homenagem no Parlamento e saudação do primeiro-ministro
Já esta sexta-feira, na Assembleia da República, o escritor e deputado honorário foi ovacionado de pé por todas as bancadas parlamentares, que aprovaram por unanimidade um voto de saudação, apresentado pelo Presidente da Assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues.
O Parlamento decidiu assim homenagear “o percurso de Manuel Alegre, no momento em que recebe tamanho reconhecimento literário”, a sua “Voz da Liberdade, desde Argel e da luta antifascista, passando pela Constituinte até aos Combates da Democracia, onde disse sempre presente”.
Também o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, fez questão de felicitar Manuel Alegre pela sua distinção, sublinhando tratar-se do prémio “mais importante para autores de língua portuguesa”.
Instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, o Prémio Camões, que vai na sua 29ª edição, é o maior prémio de prestígio da língua portuguesa. Com a sua atribuição, é prestada anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa.
Na lista de vencedores contam-se os autores portugueses Miguel Torga, Vergílio Ferreira, José Saramago, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner Andresen, Eugénio de Andrade, Maria Velho da Costa, Agustina Bessa-Luís, António Lobo Antunes, Manuel António Pina e Hélia Correia, aos quais se junta agora Manuel Alegre, os brasileiros João Cabral de Melo Neto, Rachel Queiroz, Jorge Amado, António Cândido de Mello e Sousa, Autran Dourado, Rubem Fonseca, Lygia Fagundes Telles, João Ubaldo Ribeiro, Ferreira Gullar, Dalton Trevisan, Alberto da Costa e Silva e Raduan Nassar, os moçambicanos José Craveirinha e Mia Couto, os angolanos Pepetela e José Luandino Vieira, e o cabo-verdiano Arménio Vieira.