Num encontro em Lisboa com militantes socialistas, para prestar contas sobre o OE2022, Fernando Medina, ministro das Finanças e membro do Secretariado Nacional do PS, começou a sua intervenção por criticar o PSD, dizendo-se surpreendido com um partido que até há pouco tempo “criticava o aumento do salário mínimo e a política de redução dos passes sociais” e que, hoje, em pleno debate orçamental, inverte os pressupostos da política que defendia e reclama agora “mais aumentos e mais apoios” aos rendimentos.
Também à esquerda, o ministro não poupou críticas ao PCP e ao BE, observando que ambos insistem em se pronunciar sobre o OE “como se não houvesse o dia de amanhã”, ou como se “não houvesse um défice e uma dívida que também não tivessem a ver com a vida concreta de cada cidadão”, lamentando que à esquerda e à direita os partidos insistam em apelidar de austeridade “aquilo que não tem nenhum sinal de austeridade e que apenas representa responsabilidade”.
Preparar o futuro
De acordo com o ministro das Finanças, ao invés das orientações que têm vindo a ser defendidas pelos partidos da oposição nos debates na generalidade do OE2022, avançando com propostas “como se não houvesse amanhã”, o Governo, pelo seu lado, “está consciente de que deve prosseguir uma estratégia orçamental de proteção e de antecipação das dificuldades que se avizinham”, designadamente, como referiu, “com o aumento das taxas de juro”, prosseguindo uma política que permita que o país possa ter mais tarde “uma maior margem de manobra”.
Segundo o governante, o atual momento económico e financeiro vive num clima caracterizado “por sinais contrários”, ou seja, como sinalizou, “por um elevado crescimento económico do país”, com Portugal a ter o maior crescimento da zona euro no primeiro trimestre do ano, a par de outros indicadores que “nos merecem alguma apreensão” e que correspondem a dificuldades que já são sentidas no presente, mas também a outras complexidades que se perspetivam “para o futuro a breve prazo”.
Um quadro que, na opinião do ministro, guiou o Governo a elaborar o OE2022 com o objetivo de “robustecer as finanças”, beneficiando do momento de crescimento e do dinamismo da economia portuguesa, e preparando a sua economia para enfrentar as eventuais dificuldades que possam surgir mais à frente, “não só no percurso da economia do país, como da Europa”.
Olhar para os mais frágeis
Garantido está, na perspetiva do ministro das Finanças, a maior atenção deste orçamento à “proteção e à segurança” dos que se encontram numa situação económica e social mais frágil e difícil, sem nunca “descurar minimamente a frente das contas certas”, elemento que, para Fernando Medina, “é central na proteção dos rendimentos das famílias e da capacidade de investimento das empresas”.
Um OE2022 que, para o titular da pasta das Finanças, “procura mitigar os impactos das subidas de preços dos combustíveis e de bens alimentares”, ao mesmo tempo que “protege os rendimentos mais baixos”, insistindo que “o pilar das contas certas é estratégico”, a par da redução do défice e da dívida, representando ambos “um objetivo no caminho da proteção das famílias e das empresas num ciclo em que se antevê um aumento das taxas de juro”.
Para o ministro das Finanças, “seria imprevidente”, numa fase de crescimento da economia como a atual, que não se guardasse algum espaço de manobra para a poupança e para “procurar reduzir o défice e a dívida”, defendendo que em épocas de maior crescimento se deve “procurar precaver o futuro”.