“Ao contrário do que, muitas vezes, aprendizes de feiticeiro de economistas dizem, não há nenhum país desenvolvido que não tenha também uma forte indústria de construção”, disse o líder do executivo socialista, em visita ao troço da futura linha ferroviária Sines/Caia (Elvas), no âmbito da iniciativa ‘Governo Mais Próximo’, no distrito de Évora.
António Costa defendeu, neste sentido, que é necessário “recuperar uma forte indústria de construção” e “continuar a apoiar no seu esforço de internacionalização”, para que o setor “possa ter mais atividade” na economia portuguesa. “Isso é absolutamente fundamental para o nosso desenvolvimento”, sublinhou.
“E podermos ter agora na ferrovia o paralelo do que, nos anos 80, tivemos na rodovia e que foi essencial para a edificação de uma indústria de construção que, após a crise de 2008, sofreu as vicissitudes que sofreu, mas da qual dependemos muito”, completou.
Tendo ao seu lado o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e com vários autarcas da região na plateia, o chefe do Governo assinalou a importância estratégica da obra do Corredor Internacional Sul, “o maior projeto de ferrovia dos últimos 100 anos”, com 80 quilómetros de linha construída e 90 quilómetros de linha renovada, que vai ligar os portos de Sines, Lisboa e Setúbal a Espanha.
Referindo a capacidade transformadora do projeto também para a região, António Costa defendeu a construção de um terminal de mercadorias para servir a futura linha na zona de Alandroal, realçando que a infraestrutura vai não só potenciar as “oportunidades que já existem” no território, como abrir o interesse à “instalação de novas oportunidades”, sublinhando a existência de “uma base económica que assegura a sua viabilidade”, pelo que é preciso “dar o passo seguinte”.
“Mas não basta avançar com o terminal. É preciso fazer o resto do trabalho, que é dizer que nós vamos ter este terminal e temos oportunidades de localização de atividades que aproveitem plenamente este terminal”, observou.
“É muito bom que os comboios passem, mas é essencial que os comboios possam parar, não só para transportar passageiros, mas para dinamizar a economia e ajudar à transformação deste território”, afirmou António Costa.
O projeto, que estará pronto em 2024 e que tem como principal investimento a construção de um troço, com a extensão de 80 quilómetros, entre Évora e Elvas, irá duplicar a capacidade ferroviária a partir do porto de Sines, encurtando ainda a distância para a fronteira em três horas e meia, reduzindo em 50% o custo do transporte.
A nova linha Évora-Elvas será inicialmente de via única, sendo que a plataforma está preparada para receber uma segunda via e poderá migrar para a bitola europeia, caso Portugal e Espanha venham a decidir aderir a esse sistema.
Com a eletrificação da linha e com a substituição do transporte rodoviário pelo comboio, este é um investimento que terá, igualmente, forte impacto ambiental.
Além da nova linha, o projeto do Corredor Internacional Sul inclui a requalificação de várias partes das linhas de Sines, Sul, Alentejo, Leste, Évora e Vendas Novas, ficando integralmente eletrificado, dotado de sinalização eletrónica moderna e sem passagens de nível.
A principal inovação destas obras é a construção de estações técnicas, que permitirão o cruzamento de comboios de mercadorias de 750 metros de comprimento, quando atualmente a estrutura apenas permite o cruzamento de composições de 400 metros, aumentando também a sua frequência.
A obra, que está em curso em várias frentes, faz parte do plano Ferrovia 2020 e representa um investimento de 650 milhões de euros, parcialmente financiado pela União Europeia.