António Costa iniciou a viagem na Guarda, acompanhado pelo candidato pelo PS à câmara municipal, Luís Couto, sendo recebido na Covilhã pelo também autarca socialista e candidato local Vítor Pereira. À chegada, o Secretário-geral do PS e primeiro-ministro disse aos jornalistas que o investimento realizado na reabertura do troço ferroviário Guarda – Covilhã “valeu a pena” e “há de, sobretudo, ir progressivamente valendo a pena”.
“Infelizmente, esta obra ficou concluída em plena pandemia, portanto, num momento de fortíssimo condicionamento da mobilidade das pessoas. Mas, conforme formos retomando a mobilidade, seguramente vamos ter cada vez uma maior utilização deste comboio. Como todos vimos, o percurso é lindíssimo, do ponto de vista turístico, e é também muito útil, seguramente, para quem trabalha num lado e no outro”, declarou.
António Costa acrescentou que o investimento realizado pelo Governo na reabertura e modernização daquele troço da Linha da Beira Baixa é importante “para a região e para o país”.”Esta obra é uma obra fundamental para darmos esse contributo geral para o desenvolvimento do país”, concluiu.
O troço ferroviário da Linha da Beira Baixa entre as cidades da Guarda e da Covilhã estava fechado desde 2009 e reabriu, em maio deste ano, após obras de requalificação e de eletrificação, com um investimento total no projeto de cerca de 77 milhões de euros. Já na Covilhã, António Costa lembrou que, a promessa de reabrir o troço tinha sido assumida por si, há quatro anos, na mesma cidade e que foi concretizada.
“Aproveitar plenamente” o investimento na ferrovia
Antes de realizar a viagem, na Guarda, onde marcou presença na apresentação da candidatura de Luís Couto à presidência da autarquia, António Costa tinha já destacado que é preciso “aproveitar plenamente” as oportunidades geradas com a recuperação da Linha da Beira Baixa, assim como com a intervenção em curso na Linha da Beira Alta, para o desenvolvimento do território do interior.
Lembrando que foi precisamente aqui, na Guarda, que decorreu a última Cimeira Ibérica, onde se desenhou, pela primeira vez, uma estratégia de desenvolvimento fronteiriço comum entre Portugal e Espanha, António Costa sustentou que é esta estratégia que poderá permitir que os territórios transfronteiriços “não sejam os mais empobrecidos, os mais desertificados, os mais abandonados”, e sejam, a exemplo do que acontece com a Espanha e França, “das mais desenvolvidas dos seus países”.
“E nós temos de ter a capacidade de, de uma vez por todas, olhar para estas regiões, que têm aqui ao lado mais 50 milhões de habitantes, em Espanha, não como o interior do litoral, mas como uma centralidade da Península Ibérica”, afirmou.
Desafio demográfico
“E é por isso que nós temos que aproveitar plenamente as oportunidades que a recuperação da Linha da Beira Baixa e que a recuperação em curso da linha da Beira Alta oferecem para o desenvolvimento deste território”, potenciando a criação “de novos polos de desenvolvimento e novas oportunidades de fixação das empresas”, concretizou o líder socialista, dando também o exemplo do projeto do Porto Seco da Guarda, que disse ser “um projeto fundamental e estruturante” para o desenvolvimento económico da região.
Na sua intervenção, António Costa acentuou também que a criação de emprego nas regiões do interior passa pela implementação de políticas para inverter a tendência de declínio demográfico, designadamente, através da criação de condições para apoiar as jovens famílias.
Neste sentido, adiantou que no próximo ano serão reforçados significativamente os apoios fiscais para que as famílias possam ter mais do que um filho, “aumentando as deduções fiscais para quem não está isento de IRS e aumentando os abonos para as famílias que, estando isentas de IRS, têm que ter também o mesmo apoio para poderem ter o segundo ou mais filhos, se assim o desejarem”.
Esta é uma prioridade, concretizou o líder do PS, que deve ser assumida como “um grande objetivo nacional”.