Posições que foram manifestadas ontem à noite, à entrada para a antestreia do filme ‘Soares é Fixe’, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, uma iniciativa que contou também com a presença do primeiro-ministro, António Costa, de João e de Isabel Soares, e de muitas personalidades de diferentes quadrantes da vida política e social do país.
Depois de enaltecer a figura política de Mário Soares, “central no Portugal democrático”, e de o situar também como uma personalidade incontornável da Europa do seu tempo, considerando-o “a minha primeira referência política e um dos maiores da história do nosso país e do património do partido que lidero”, Pedro Nuno Santos preveniu que a necessidade de se olhar para o futuro não pode impedir, contudo, que se deixem de defender as conquistas destes últimos 50 anos, um longo período, como lembrou, em que Mário Soares foi um dos “principais protagonistas e responsáveis pela construção do regime democrático”.
A Mário Soares e ao período em que dirigiu os destinos do PS e do país, e mais tarde também como Presidente da República, referiu ainda o Secretário-Geral do PS, deve ser atribuída a responsabilidade pelo nascimento do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública, mas também o importante contributo que deu para a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia, hoje União Europeia.
“Preocupação” com crescimento da extrema-direita
Também presente na antestreia, o presidente honorário do PS e conselheiro de Estado, Manuel Alegre, mostrou grande preocupação “com os sinais de crescimento da extrema-direita em Portugal”.
Sobre o atual momento político. o histórico dirigente socialista manifestou “tristeza” por se estar a assistir a esta realidade numa altura, como assinalou, em que o país está em vésperas de comemorar os 50 anos do nascimento do regime democrático, lamentando que as sondagens apontem para um grande número do voto jovem na direita.
Um cenário que, a concretizar-se, declarou ainda Manuel Alegre, “obriga-nos a reconhecer que algo falhou na pedagogia democrática”, cabendo sobretudo a grande responsabilidade, como referiu, àqueles que de algum modo tiveram um papel decisivo e responsável, antes e depois do 25 de Abril, na construção da democracia em Portugal.
Também António Costa proferiu breves palavras à entrada da antestreia do filme sobre Mário Soares, a primeira película de ficção sobre o antigo chefe de Estado que vai chegar aos cinemas no próximo dia 22 de fevereiro, invocando o combate que o antigo líder socialista travou com Freitas do Amaral nas eleições presidenciais de 1986, lembrando que, para além de terem sido das mais renhidas eleições em Portugal, foram também, como garantiu, decisivas para consolidar a democracia.