José Sócrates: “Oposição fez uma cambalhota ao admitir aumento do IVA”
O secretário-geral do PS, José Sócrates, desafiou hoje o PSD a apresentar a sua “alternativa” para cumprir a redução do défice, acusando os sociais-democratas de uma “cambalhota política” em matéria de impostos.
“Se o PSD pensa que se escapa a este dilema de ter que apresentar a sua alternativa está muito enganado, porque isso é exigido pelo país, porque isso foi exigido também pela Europa”, afirmou José Sócrates, intervindo num encontro com autarcas socialistas.
Para o líder socialista, “o desafio que está colocado ao PSD não é apenas o desafio da retórica e do palavreado oco, é o desafio de se comprometer explicitamente perante o país, explicando quais as medidas que são necessárias para que no próximo ano o nosso défice orçamental se reduza de 4,6 para 3 por cento e que em 2013 ele se reduza para 2 por cento”.
“O que lá fora estão à espera é que para defender Portugal e para defender a Europa, o maior partido da oposição, que insistiu em criar uma crise política, diga quais as medidas com que se compromete para atingir os objetivos orçamentais e não apenas dizer que está de acordo com os objetivos”, argumentou.
Sócrates afirmou que, “não se passaram 48 horas” após o chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), para que o PSD viesse admitir que “a resposta ao para o desequilíbrio orçamental passa por aumentar os impostos”.
“Isto é absolutamente espantoso, a isto se chama em política, uma cambalhota”, acusou.
“A cambalhota não é apenas com o aumento dos impostos, é com o aumento do IVA. Desculpem, não foi a liderança do PSD que explicou aos portugueses que o IVA não pode ser aumentando porque se trata de um imposto cego, injusto, que causaria recessão?”, questionou.
Segundo Sócrates, reeleito esta madrugada líder do PS, se as ideias do PSD “não são vagas”, como “alguns dizem”, então, incluem-se numa “agenda escondida de um conjunto de propostas que não são reveladas por uma única razão, têm medo das consequências eleitorais dessas propostas e dessas ideias”.
Sócrates acusou o PSD de “dizer ao país uma coisa e lá fora outra”.
“Não se pode chumbar o PEC aqui e lá fora andar a dizer que se está de acordo com os objetivos do PEC, porque isso é apenas um exercício de duplicidade politicamente absolutamente inaceitável”, afirmou.
“Cá dentro chumbam o PEC, lá fora, dizem não só que têm outras medidas como são precisas mais medidas. Cá dentro chumbam o PEC, não querem aumento de impostos, imediatamente a seguir dizem que querem aumento de impostos”, declarou.
O secretário-geral do PS disse ainda, que o PSD já se rendeu ao FMI e de pretender de forma “disfarçada” impor a sua agenda “liberal” através da intervenção daquela instituição.
Sócrates referiu-se às palavras do líder do PSD, Pedro Passos Coelho, segundo as quais não se deve demonizar o Fundo Monetário Internacional (FMI), para defender que “esse é o ato de quem já se rendeu, esse é o ato de quem não percebeu as consequências que isso teria para o nosso país”.
“É por isso que este é o momento também para os portugueses escolherem entre aqueles que querem fazer um programa de ajuda externa, aqueles que querem o FMI e aqueles que darão tudo, o seu melhor, para que Portugal não tenha que pedir ajuda externa, não tenha nenhum programa com FMI”, afirmou.
O recém-reeleito secretário-geral socialista defendeu que “as medidas impostas por esses programas são muito mais nocivas para a qualidade de vida dos portugueses”.
“Impõem uma agenda liberal que eu não estou disponível para aceitar”, declarou.
“Compreendo também que um partido como o PSD, que defende aqui em Portugal que não deve haver limitação constitucional ao despedimento por justa causa, que não deve haver um Serviço Nacional de Saúde para todos e tendencialmente gratuito, um sistema público de ensino, eu percebo que um acordo com o FMI seja uma forma disfarçada de imporem a sua agenda”, afirmou.