home

José Sócrates: O programa eleitoral do PSD “coloca em causa a igualdade de oportunidades e …

José Sócrates: O programa eleitoral do PSD “coloca em causa a igualdade de oportunidades e …

O secretário-geral do PS considerou hoje que o programa eleitoral do PSD é o mais radical que a direita já apresentou em Portugal, numa intervenção em falou dos planos de privatizações dos sociais-democratas.

Ver vídeo…

Ver Fotogaleria…

 

“Quando um partido se propõe privatizar a Caixa Geral de Depósitos, as Aguas de Portugal, a RTP, abrir aos privados a escola pública e os cuidados primários de saúde, eu digo que este é o programa político mais radical que a direita já apresentou no país”, declarou José Sócrates na intervenção de abertura do jantar comício do PS no Pavilhão do Atlântico.
Segundo Sócrates, o programa eleitoral do PSD “coloca em causa a igualdade de oportunidades e a justiça social”, declarou, antes de sustentar que “este PSD [liderado por Pedro Passos Coelho] virou à direita”.
“Qual o objetivo destas privatizações, que racionalidade, que resultados esperam obter? Que sentido faz abrir a privados a gestão da escola pública”, disse José Sócrates.
Para o secretário-geral do PS, estas opções do PSD apenas surgem “por preconceito ideológico”.
“Eles propõe privatizar as Águas de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos, a RTP ou e a EDP, mas eu digo que não precisamos de fazer essas privatizações, porque seriam um erro para o nosso país. Num momento em que todos os país do mundo tomam medidas para dar mais segurança aos seus sistemas financeiros, qual a razão para se cometer a leviandade e aventura de abrir o capital da Caixa a privados – digam-me se isto não é uma completa insensatez”, sustentou Sócrates.
Na sua intervenção, o secretário-geral do PS considerou depois que a abertura da gestão das escolas públicas a privados “atenta contra a igualdade de oportunidades, no acesso à educação e ao conhecimento”.
“O PSD acha que se devem usar os impostos dos portugueses para financiar quer o público quer o privado”, acusou, falando antes de intervenções do secretário-geral da JS, Pedro Alves, do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e do cabeça de lista do PS por Lisboa, Ferro Rodrigues.
O secretário-geral do PS disse ainda, que o líder do PSD revela “impreparação” ao pretender rever o seu programa em matéria de educação e desafiou-o a fazer isso antes do debate de dia 20.
“Em 30 anos de democracia nunca vi nada assim”, declarou o secretário-geral do PS, comentando uma declaração de Pedro Passos Coelho de quinta-feira, durante a apresentação de um livro, em que admitiu introduzir algumas mudanças no programa social-democrata para a área da educação.
Sócrates referiu que o programa do PSD foi apresentado recentemente, no domingo, e que o país se encontra agora a três semanas das eleições.
“Ficamos a saber que o líder do PSD pretende alterar o seu programa, não num detalhe qualquer, não num capítulo qualquer, mas no capítulo da educação, talvez o mais importante para o futuro do país. Este episódio apenas revela total impreparação para governar o país”, sustentou Sócrates.
“Já fiz dois debates com dois líderes sem programa [Paulo Portas e Francisco Louçã]. Era o que faltava fazer um terceiro debate com um candidato com um programa que já não está em vigor”, disse, recebendo palmas.
De acordo com o secretário-geral do PS, “o espetáculo de impreparação política para governar dado pelo PSD tem episódios todos os dias”.
“O mais lamentável e mais deprimente é o que diz respeito à proposta de baixar a taxa social única (TSU): primeiro queriam descê-la em quatro pontos percentuais; depois explicaram que iam descer a taxa com base na reestruturação das taxas do IVA na cerveja, a seguir, ao almoço, já era no vinho, mas de noite já era na eletricidade”, comentou usando o humor.
Sócrates referiu em seguida que o PSD concluiu então que “não era para baixar em quatro mas em oito pontos percentuais”.
“Mas atenção quando ouvimos isto o que está em causa não é tanto a baixa da TSU, porque isso era a parte simpática. Estamos a falar de um aumento brutal de impostos para todos os cidadãos portugueses”, acrescentou.
Já Ferro Rodrigues, cabeça de lista do PS por Lisboa, considerou que o país vai às eleições legislativas mais “complexas” da democracia portuguesa e congratulou-se por, “afinal”, não haver um vencedor antecipado.
Segundo Ferro Rodrigues, as próximas eleições “serão talvez das mais difíceis e complexas que há memória na democracia portuguesa”.
“Não falo do PS apenas, falo do país. Para surpresa mal disfarçada e mal digerida, afinal não há um vencedor antecipado, porque a solução de Governo é ainda dificilmente previsível”.
O ex-secretário-geral do PS lançou vários ataques ao PSD, associando este partido “à direita dos interesses e da mentira” e elogiou a Sócrates por ter “resistindo a uma campanha de calúnias e ataques pessoais contra si”.
Na parte final do discurso, Ferro Rodrigues respondeu ao repto do cabeça de lista do PSD por Lisboa, Fernando Nobre, para que visitem juntos bairros problemáticos.
Ferro referiu então que fez parte do Governo que criou o rendimento mínimo garantido e, mais importante que o convite de Nobre, é que este aceite debates públicos.
“Esse é o verdadeiro desafio”, considerou.
O dirigente socialista António Costa defendeu que o próximo Governo deverá ser suportado também por uma grande maioria social e disse que por este caminho ainda não é desta que o PSD regressa ao poder.
António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, falava após o discurso de José Sócrates no jantar comício do PS, que juntou no Pavilhão do Atlântico cerca de dois mil apoiantes.
“Quero deixar uma palavra de indignação pela falta de respeito, de consideração, de sentido das responsabilidades que os partidos da oposição revelam. Como é possível que neste momento difícil do país precipitarem uma crise política desta gravidade sem terem nada para oferecer ao país em termos de alternativa”, interrogou-se o presidente da autarquia da capital.
António Costa disse que a oposição “nada terem para oferecer” e de “há anos viverem a parasitar a desgraça alheia”.
Depois, dirigiu-se ao PSD: “A exigência que temos que ter em relação ao principal partido da oposição é diferente da que temos a exigir aos outros, porque esse partido já governou e tem legitimidade para ambicionar governar Portugal. Mas posso garantir-vos que pelo caminho que isto leva ainda não é desta que vão voltar ao Governo”, disse, recebendo uma prolongada ovação.
Para António Costa, o próximo Governo precisará não apenas de uma maioria política, mas também de uma maioria social para se concretizarem as reformas que o país enfrenta.
“Temos de relançar um projeto mobilizador que seja capaz de arrancar o país da crise internacional. O caminho será demorado e requererá persistência”, advertiu.