José Sócrates: “Eu não tenho medo das autonomias regionais”
O secretário-geral do PS frisou hoje que sempre esteve ao lado do presidente do Governo dos Açores, Carlos César, em defesa do aprofundamento da autonomia, numa referência implícita à polémica sobre o Estatuto Político Administrativo desta região.
José Sócrates falava num jantar comício em Ponta Delgada, onde fez um longo discurso perante cerca de 1700 pessoas. Referiu-se indirectamente à controvérsia em torno do Estatuto Político Administrativo dos Açores, alvo de veto por parte do Presidente da República e chumbado pelo Tribunal Constitucional em 2009.
“Venho aqui aos Açores pedir a vossa confiança e faço-o olhos nos olhos, porque ao longo destes seis anos nunca o Governo da República faltou às justas aspirações dos açorianos. Eu estive ao lado dos Açores quando se discutiu a questão da autonomia e quando os Açores reclamavam muito justamente mais direitos de audição para os órgãos legítimos regionais”, disse.
Sócrates assumiu-se depois como um político que olha para a autonomia “como uma questão de aprofundamento da unidade nacional, que serve ao todo nacional”.
“O aprofundamento [da autonomia dos Açores] é uma condição de coesão e de unidade nacional. Estive ao lado de Carlos César nessa batalha que sempre me pareceu justa, porque eu não tenho medo das autonomias regionais”, acrescentou, recebendo uma prolongada salva palmas.
Depois, Sócrates deixou um rasgado elogio aos açorianos.
“Eu conheço bem o contributo que os Açores sempre deram para a afirmação nacional, para a História de Portugal e nunca recusei estar ao lado do Governo Regional dos Açores no sentido de se colaborar nos projectos de interesse estratégico”, disse.
Em contraponto aos partidos da oposição, José Sócrates disse que o PS se apresenta nas eleições “como a força da moderação, da responsabilidade e que pretende dar segurança aos portugueses”.
“O país já pagou um custo pela irredutibilidade de muitos, pagou um custo pelo sectarismo e radicalismo. É tempo de os líderes políticos perceberem que o momento é de criarem um clima propício a entendimentos, não de radicalismo, sectarismos e agressividade. É tempo de pensarem no país e não nos seus interesses próprios, nas suas carreiras ou nos seus interesses partidários”, acrescentou.