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José Sócrates considera que Pedro Passos Coelho “adapta as convicções às conveniências”

José Sócrates considera que Pedro Passos Coelho “adapta as convicções às conveniências”

O líder do PS, José Sócrates, manifestou-se hoje “chocado” com as declarações de Pedro Passos Coelho a propósito da interrupção voluntária da gravidez, considerando que o líder social-democrata “adapta as convicções às conveniências”.

 

“Fico chocado com essa declaração do doutor Passos Coelho e acho que isso não é admissível”, disse, no final de uma acção de rua no centro da Amadora.
Em declarações à Rádio Renascença, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, defendeu que a última lei do aborto aprovada pelo Parlamento – que despenaliza a Interrupção Voluntária da Gravidez até às dez semanas – pode “ter ido um pouco longe demais” e tem de ser reavaliada, não excluindo a possibilidade de realização de um novo referendo sobre a matéria.
“Conheci essa declaração há pouco e devo dizer-vos que estou chocado com isso. O líder do PSD mostrou hoje que afinal de contas adapta as suas convicções às suas conveniências e que muda de opinião segundo os auditórios. Isso já tínhamos percebido (…) então agora é que o doutor Passos Coelho entende dizer ao país que não está de acordo com a lei? Agora é que pretende fazer um recuo naquilo que foi uma expressão genuína da vontade dos portugueses?”, disse.
E acrescentou: “Se o doutor Passos Coelho pretendia mudar a lei do aborto deveria tê-lo posto no seu programa, devia tê-lo assumido há muito tempo”.
Para Sócrates, a despenalização da interrupção voluntária da gravidez “foi uma mudança que pôs o país à altura dos tempos”.
O secretário-geral socialista comentou ainda que o país “não precisa desse tipo de lideranças”, que considerou “pouco preparadas e sempre disponíveis para mudar em função do auditório e de quem os ouve”.
“Não se muda de convicção consoante as conveniências”, declarou.
José Sócrates salientou ainda que já foram feitos “dois referendos” sobre a despenalização do aborto, a últimas das quais “foi muito concludente”.
“O doutor Passos Coelho é que anda sempre a mudar de programa. Então porque é que não escreveu isso no seu programa?”, acrescentou.