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José Mariano Gago

José Mariano Gago

Ministro da Ciência e Tecnologia de quatro governos do PS, faleceu o professor José Mariano Gago, o homem que pôs a Ciência na agenda política. Contava 66 anos.
Homenagem a Mariano Gago

Portugal perdeu um “ilustre e dedicado servidor público, com uma ação verdadeiramente marcante nas últimas décadas, um senhor da Ciência e um combatente pelo desenvolvimento”, pode ler-se na sentida nota de condolências em nome do Partido Socialista e do seu Secretário-geral, António Costa, que sublinha o seu legado na alteração do paradigma das políticas públicas de apoio à Ciência e à Tecnologia e a sua “visão e coragem política” para conceber a aposta e o investimento nessas áreas como incontornáveis fatores de progresso e de crescimento para um país.

António Costa destacou o “dirigente académico resistente na luta contra a ditadura” e prestou homenagem “ao grande cientista, ao visionário que em 1990 publicou uma obra fundamental – ‘O manifesto para a ciência em Portugal’ – e ao governante exemplar que, em três ocasiões, nos últimos 20 anos, assumiu a pasta da Ciência e do Ensino Superior. Mariano Gago “mudou o paradigma da ciência em Portugal” e “colocou no centro da ambição política a sociedade do conhecimento”, frisou o Secretário-geral do PS, destacando-lhe ainda “a preocupação incansável com a democratização da cultura científica”.

O Partido Socialista perde um grande colaborador, que desde os Estados Gerais de 1995 participou sempre ativamente na definição das propostas e das políticas do partido nestas áreas, e perde também, como salientou António Costa, “um grande amigo”.

Já Maria Manuel Leitão Marques, coordenadora da Agenda para a Década, afirma que conheceu “poucas pessoas na vida com interesses tão alargados, baseados em conhecimento, experiência e não em pura curiosidade. Sempre orientado para o que era preciso fazer. Por isso chamava muitos para falar e ouvia todos”.

A antiga secretária de Estado recorda que desde 1992, sem interrupções, mesmo quando foi ministro, “organizou meticulosamente, no Convento da Arrábida, 23 Encontros de Prospetiva, reuniões de trabalho alargadas, onde se discutiu muita coisa relevante para o desenvolvimento da sociedade portuguesa e das sociedades europeias como sociedades e economias baseadas no conhecimento”.

Maria Manuel Leitão Marques lembra ainda uma “discussão menos consensual” num dia de 2005 sobre a política para a administração eletrónica, em que o professor Mariano Gago anteviu que a direita não iria dar continuidade às políticas dos governos socialistas no que respeita ao Simplex, a algumas bases importantes da política científica e da cooperação com grandes universidades estrangeiras. “No momento até me pareceu exagerado. Vi mais tarde como ele tinha razão”.

“Foi um líder estudantil de grande coragem na luta contra a ditadura, cientista internacionalmente reconhecido, ministro com um contributo excecional para o desenvolvimento da ciência no nosso país e para a vida política portuguesa em geral, mas acima de tudo um grande e querido amigo. Uma perda irreparável”.
António Guterres

“É o maior exemplo de compromisso público, de empenhamento, de ousadia e eficácia na ação, de intransigência perante a ignorância e a demagogia, que posso indicar aos mais novos”.
Augusto Santos Silva

“Se alguma coisa o país lhe deve é ter podido, nas últimas décadas, dar um salto qualitativo absolutamente extraordinário em domínios críticos para o nosso futuro, em particular nas áreas da ciência, da tecnologia, da inovação, do ensino superior. Foi uma personalidade que deixou o país melhor.”
Pedro Silva Pereira