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José Luís Carneiro responsabiliza primeiro-ministro por “cortes inaceitáveis” que ameaçam consultas e cirurgias

José Luís Carneiro responsabiliza primeiro-ministro por “cortes inaceitáveis” que ameaçam consultas e cirurgias

O Secretário-Geral do Partido Socialista considera “de gravidade inaudita” as instruções para cortar na despesa hospitalar e responsabiliza diretamente o primeiro-ministro por uma situação de degradação no setor da Saúde, onde, sublinha, a atual ministra já perdeu autoridade e condições para continuar a exercer funções.

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Numa conferência de imprensa realizada, esta quarta-feira, na sede nacional do PS, em Lisboa, José Luís Carneiro reagiu com “incredulidade” e “estupefação” à notícia do jornal ‘Público’ sobre ordens de contenção orçamental no Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando “inadmissível” que o Governo determine cortes que podem comprometer o acesso dos portugueses a consultas, cirurgias e outros cuidados essenciais.

“Foi com incredibilidade que lemos hoje que a Direção Executiva do SNS vai aplicar cortes naquela que é uma área vital para os portugueses”, declarou o líder socialista, recordando que a orientação do Ministério da Saúde foi transmitida poucos dias depois de o executivo da AD ter apresentado o Orçamento do Estado para 2026.

Considerando que a decisão agora tornada pública é “de uma gravidade inaudita”, José Luís Carneiro avisou que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, “não tem mais condições, nem autoridade” para continuar em funções.

“Compete ao primeiro-ministro transmitir, com gentileza, à ministra da Saúde que ela está sem autoridade política”, sublinhou, acrescentando que é a Luís Montenegro que cabe “dizer à senhora ministra que ela já deixou de o ser”.

Neste ponto, fez notar também que o país vive atualmente uma situação de “caos nas urgências” e que “mais de um milhão de portugueses continuam sem médico de família”.

Por isso, afirmou ser “inaceitável” que o Governo agrave essa realidade ao impor novos constrangimentos financeiros ao SNS.

“Durante o verão, o PS já tinha considerado inconcebível que as grávidas andassem de terra em terra para dar à luz. Quase que se entrou numa nova normalidade, mas não é normal que uma mãe não saiba onde vai ter o seu filho”, enfatizou, para de seguida acusar o executivo de direita de tentar “desviar a atenção das pessoas daquilo que lhes é mais importante”, reiterando que o PS não ficará em silêncio perante decisões que ponham em causa o direito constitucional à saúde.

“Para o PS foi claro que não nos podíamos calar. Temos de mostrar a nossa indignação e o combate político que daremos para defender que o Estado e o Governo assumam a prioridade do investimento naquela que é a área prioritária para a vida dos portugueses e portuguesas”, declarou.

José Luís Carneiro não hesitou em afirmar que “toda a responsabilidade política reside no primeiro-ministro”, frisando ser Luís Montenegro “o primeiro e último responsável do Governo”.

“É nele que está a mais importante responsabilidade política, e só ele pode responder aos portugueses”, atirou.

Revisão da Lei da Nacionalidade revela verdadeira face da direita

Já no período de resposta a questões dos jornalistas, o Secretário-Geral criticou duramente o Governo por ceder à extrema-direita na nova Lei da Nacionalidade, acusando o primeiro-ministro de tentar “esconder a aliança” feita com o Chega.

O líder socialista afirmou que a votação no Parlamento, que juntou PSD/CDS, Chega e Iniciativa Liberal, revelou “a verdadeira natureza das convergências políticas da direita”, ao aprovar um diploma que “fere princípios de justiça e inclusão”.

Assinalou, depois, que o PS votou contra a proposta “por coerência com os valores de igualdade e de integração que sempre orientaram a política de nacionalidade em democracia”, apontando que o Governo optou por trilhar um caminho “de exclusão e de fechamento”, ao invés de promover “um país aberto, solidário e justo”.

As alterações à Lei da Nacionalidade foram aprovadas na terça-feira, em plenário da Assembleia da República, com os votos favoráveis do PSD/CDS, Chega e Iniciativa Liberal, garantindo a maioria absoluta de 116 votos em 230 deputados — uma votação que, para o PS, confirma “a consolidação de uma maioria de direita dependente da extrema-direita” e “a abdicação dos valores humanistas que sempre distinguiram a democracia portuguesa”.

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