Falando na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé, em Roma, após a audiência a seu pedido com o Papa Francisco e de um encontro com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, António Costa, que foi acompanhado nesta visita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, e pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, voltou a destacar o “trabalho extraordinário” que ao longo de muitos anos o Governo e a Santa Sé, em conjunto com a Igreja Portuguesa e a autarquia de Lisboa, foram capazes de empreender na realização da JMJ, uma semana que o primeiro-ministro considerou ter sido “muito intensa”, mas que resultou “num êxito” indiscutível.
Na audiência de quase uma hora, para além da JMJ, outros temas foram também abordados, como as questões que envolvem as alterações climáticas, o combate às desigualdades, a paz e as migrações, áreas a que o chefe da Igreja Católica tem dedicado particular atenção.
Sobre estes e outros assuntos, António Costa disse que lhe foi “muito fácil” concordar com as ideias do Papa Francisco, designando-o como uma pessoa “particularmente cativante e empática”, com uma mensagem “clara, fácil e enriquecedora”, alguém cuja “chave do sucesso”, como salientou, junto de crentes e de não crentes, reside sobretudo na sua “procura em fazer a pedagogia dos valores, mais do que o proselitismo da religião”.
Valores comuns
Neste encontro com os jornalistas na Embaixada portuguesa junto da Santa Sé, momentos após a audiência no Vaticano, o primeiro-ministro referiu que tinha relembrado ao Papa Francisco a sua condição de não crente, algo que não o impedia, contudo, quer como primeiro-ministro, mas sobretudo como cidadão, de defender que o que diferencia uma sociedade “é a sua capacidade de partilhar valores”. Insistindo, por isso, que instituições como a Igreja, “que em sociedades como a nossa defendem os valores do cristianismo”, mantenham a necessária “vitalidade e energia” para que esses valores “fortifiquem e ajudem a fortalecer o sentido de comunidade”.
Paz “justa e duradoura”
Também a questão da guerra na Ucrânia foi abordada nesta audiência, tendo o primeiro-ministro referido que ambos concordam que a paz na Ucrânia tem de ser “justa e duradoura” e respeitadora do Direito Internacional, reconhecendo, contudo, que o caminho para a paz “deve ser, naturalmente, o que cada um procura através dos seus próprios caminhos”.
Outro dos assuntos falados neste encontro, e que mereceu rasgados elogios ao primeiro-ministro, é a mediação que a Santa Sé está a desenvolver para fazer regressar as crianças ucranianas, que a Rússia retém no seu território, além do papel decisivo “que teve no acordo de exportação de cereais”.