A manifestação que o Chega organizou em frente à sede nacional do PS, em Lisboa, no passado sábado, foi, para o Secretário-Geral Adjunto socialista, João Torres, uma afronta à democracia e uma “ameaça inqualificável” a um partido político democrático. Um ato que, em sua opinião, “não pode ter lugar em democracia”.
Falando aos jornalistas após ter participado numa reunião na FAUL, o dirigente socialista considerou que cercar um partido político, seja ele qual for, não significa apenas desferir um “ataque inqualificável” a esse partido, aos seus militantes e simpatizantes, “mas a todos os democratas e à própria democracia portuguesa”, assegurando que o PS nunca deixará de censurar e de ser solidário com qualquer outro partido que se veja perante uma situação semelhante.
Lamentou, depois, que a Câmara Municipal de Lisboa (CML), liderada por um destacado dirigente do PSD, tenha autorizado a iniciativa, desafiando o autarca da capital a “dar explicações sobre o contexto em que autorizou esta manifestação”.
João Torres garantiu ainda que o PS enviou atempadamente uma missiva à Polícia de Segurança Pública (PSP) para avaliar a questão da segurança, lembrando que a lei de 1974 que regula as manifestações “é muito clara”, quando refere que é “competência de as autoridades garantir perímetros de segurança para a realização de manifestações junto de determinados edifícios”, designadamente, como vincou, “sedes de partidos políticos”.
Agenda da extrema-direita convoca todos os democratas
Também o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, classificou a ação do Chega como “profundamente antidemocrática”, defendendo que este “é um assunto de todos os democratas”.
“É profundamente antidemocrático e revela bem como a extrema-direita nunca tem uma agenda construtiva, e não tem limites para colocar em causa as instituições da República. O discurso do ódio, da misoginia, do racismo e da xenofobia passam rapidamente para a falta de educação e para o confronto”, criticou.
O líder parlamentar socialista salientou que, num dos vídeos divulgado nas redes sociais do Chega a apelar à participação neste cerco, André Ventura foi “filmado no Salão Nobre da Assembleia da República”.
“Ao fim de pouco mais de um ano já tivemos de tudo, desde ameaças de confronto físico a insultos. Podemos fingir que não é nada connosco. Afirmar que a culpa é sempre da democracia e das suas fragilidades. Ou mesmo que alguns aproveitam taticamente a circunstância. Enganam-se. Isto é mesmo um assunto de todos os democratas”, defendeu Eurico Brilhante Dias.