João Gomes Cravinho: Portugal terá «capacidades superiores» de ciberdefesa
«Vamos aumentar significativamente os nossos recursos humanos, formando militares e contratando civis» para «termos capacidades bem diferentes e bem superiores daquelas que existem atualmente», disse o Ministro à margem de um seminário «Ciberdemocracia e Cibersegurança», em Lisboa.
Com um investimento previsto de 46 milhões de euros, no espaço de 12 anos, de acordo com a Lei de Programação Militar – que já foi aprovada no Parlamento na generalidade – João Gomes Cravinho referiu que o montante «é o adequado face às capacidades» que o País quer desenvolver.
Durante a sua intervenção, o Ministro disse que Portugal «está a dar passos sólidos na criação de meios para a sua ciberdefesa» que é «uma parte integrante da cibersegurança nacional», acrescentando que, apesar «destes esforços significativos» há imensa incerteza na área da ciberdefesa, uma vez que «lidamos com avanços tecnológicos exponenciais e inovações tecnológicas que estão na sua infância».
Aumentar o diálogo cooperativo e internacional
E preciso construir, gradualmente, «um espaço de diálogo cooperativo a nível internacional, onde medidas de confiança possam ser implementadas» porque isso é crucial para «a escalada de ameaças que deixe – à semelhança do que foi a realidade nuclear da guerra fria – o planeta paralisado», disse ainda.
João Gomes Cravinho identificou, na sua intervenção, as «várias linhas de tensão» que devem ser resolvidas «no âmbito do inter-relacionamento do conjunto das instituições nacionais», referindo a importância de clarificar a diferença entre cibersegurança e ciberdefesa.
«Segurança e Defesa são áreas de governação distintas, é certo, mas são áreas de grande complementaridade», disse o Ministro, relembrando que «não compete à Defesa a definição de uma política de segurança nacional».
Partilhar competências internas
João Gomes Cravinho afirmou é necessário fazer, no ciberespaço, uma «clarificação urgente de funções e, essencialmente, dos mecanismos de coordenação sistemática de esforços» porque as fronteiras entre os domínios interno e externo, público e privado e civil e militar, estão cada vez mais esbatidas.
Atualmente, «as estruturas rígidas dos Estados e as estruturas militares altamente hierarquizadas exigem um conjunto de procedimentos» que «dificilmente se coadunam com o tempo de resposta a um ataque cibernético», disse o Ministro.