“O líder do PSD procurou, de uma forma mais ou menos encoberta – eu chamar-lhe-ia mais despudorada – atirar areia para os olhos dos portugueses, quando alega que o seu programa eleitoral apenas pretende reescrever, retirando o princípio do tendencialmente gratuito [do SNS], para uma forma mais limpinha e escorreita. Ora, é importante que isto se clarifique: o doutor Rui Rio está a faltar à verdade e sabe que está a faltar à verdade”, afirmou a candidata socialista.
A ex-secretária de Estado da Saúde acusou ainda Rui Rio de querer “mercantilizar” o SNS e de propor “uma saúde para os indigentes, e uma saúde para os que querem pagar”, lembrando, a este propósito, “algumas passagens históricas” que demonstram bem o “amargo de boca” que o PSD tem sobre o SNS.
Recordando que, já em 1981, o então ministro dos Assuntos Sociais, Carlos Macedo, afirmava defendia que um sistema de saúde que considera que a saúde é para todos e que a gratuitidade é para todos, independentemente dos rendimentos, era um “sistema injusto e inviável”, a socialista sublinhou que ainda hoje pouco mudou nessa visão do PSD.
Em contraponto, Jamila Madeira afirmou que, “hoje, como no passado, o PS opõe-se a essa visão mercantilista e diariamente trabalha para um caminho de resiliência do SNS”.
“O PS, nos últimos seis anos e ao longo das anteriores passagens pelo Governo reforçou sempre, financeiramente, tecnicamente e humanamente, o SNS. Este SNS, sim este SNS, feito de homens e mulheres que diariamente se superam, e sim têm dificuldades, mas sempre se superam para assegurar que nada falta”, afirmou.
Combater o regresso da direita da austeridade
Na sua intervenção, no comício socialista na capital de distrito algarvia, que contou com a participação de António Costa, a cabeça de lista pelo PS apontou ainda à política de rendimentos proposta pelo PSD, advertindo que os portugueses podem esperar o regresso da austeridade que rejeitaram.
“O líder do PSD é o homem dos ‘ses’. Sobe o salário mínimo, se… sobe o salário médio, se… sobe as pensões, se… E se o ‘se’ não se verificar, o que fará? Eu julgo que os portugueses têm isso absolutamente claro: promoverá a austeridade, promoverá aquilo que já sabemos que o PSD promove quando não tem o mundo ideal que a sua ‘mão livre’ defende promove”, afirmou.
Jamila Madeira lembrou, ainda, que o Governo de Pedro Passos Coelho, entre 2011 e 2015, decretou um “país sem futuro” onde os portugueses tinham que “empobrecer ou então emigrar”. “Não havia futuro nem para os jovens, nem para os profissionais qualificados. Teriam que sair porque cá a única solução era um país de modelo de desenvolvimento de mão de obra barata e não qualificada”, frisou.
“As portuguesas e os portugueses disseram ‘não’ a este caminho”, vincou a dirigente socialista, sublinhando que o PS provou ao país que é “possível fazer diferente” e que este é o caminho certo que não pode voltar para trás no dia 30 de janeiro.
“Convergir com a Europa, recuperar rendimento, ter ambições e futuro. Com uma política de solidariedade e um esforço coletivo como país”, concretizou.