“Discordamos por completo da análise da IL, que defende a concessão da CP para resolver os problemas relacionados com a greve”, asseverou o socialista durante o debate de urgência requerido pelos liberais sobre o estado do transporte ferroviário em Portugal.
Para desmascarar a teoria da IL, José Carlos Barbosa lembrou que também existem muitas greves nas empresas privadas do setor de transportes, tendo o sindicato de maquinistas, entre 2021 e 2023, feito 170 dias de greve. “Os números são os seguintes: 153 dias em concessões privadas e apenas 18 dias na CP pública”, indicou.
Sobre o incidente da passada quarta-feira, dia 1 de março, em que, num dia de greve na CP, um passageiro que se sentiu mal puxou o travão de emergência, o deputado do Partido Socialista comentou que “enquanto o revisor seguia os procedimentos de segurança e se deslocava para a carruagem onde o sinal de alarme havia sido atuado, alguns passageiros abriram as portas e saíram para a linha” e “rapidamente as imagens do incidente proliferaram nas redes sociais, levando aos habituais discursos de populismo e de ataque ao serviço público ferroviário”.
No entanto, “nunca esteve em causa a segurança dos passageiros”, porque, “de imediato, as linhas foram interditadas”, assegurou.
O socialista recordou depois Sérgio Monteiro, “nomeado pelo Governo PSD para liderar a ferrovia, que tinha claramente uma agenda liberal” com o objetivo de preparar a CP para a concessão, como se pode confirmar a “ler o seu plano”: “Desativar linhas, privatização da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), fecho de oficinas, diminuição de serviços comerciais, diminuição exponencial do número de trabalhadores e a decisão de encostar dezenas de comboios”.
Resumindo, foi um “exemplo de gestão ruinosa sem precedentes na ferrovia mundial”, lamentou o parlamentar, que explicou que, “com o regresso do Partido Socialista ao Governo, era necessário estabilizar as operações e rutura por falta de trabalhadores e de material circulante”, sendo igualmente necessário “avançar rapidamente com as obras de modernização da rede ferroviária nacional”, que é o que o Governo do PS tem estado a fazer.
“Em primeiro lugar, era necessário trazer pessoas para os comboios” e, por isso, foi criado o passe único, exemplificou José Carlos Barbosa, que se congratulou por estar “em curso o maior investimento em ferrovia dos últimos cem anos”, em que “praticamente toda a rede nacional está em obra, com investimentos totais de dois mil milhões de euros”.
Salientando que “este ano será anunciado o vencedor concorrente que irá fabricar os comboios em Portugal”, o deputado do Partido Socialista concluiu a sua intervenção defendendo que “a CP é um exemplo mundial em economia circular e na boa gestão dos dinheiros públicos”.
“Nós, no PS, cá estaremos para defender o caminho-de-ferro público”, garantiu.