Internacionalização e multilateralismo são traços fortes da política externa
A “internacionalização e o multilateralismo” são “traços “identificativos” da política externa portuguesa, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, ontem em Lisboa na sessão de abertura do seminário diplomático, perante embaixadores, empresários e representantes da sociedade civil.
Durante este encontro anual dos embaixadores com governantes, empresários e representantes da sociedade civil, que ontem começou em Lisboa e que se prolonga durante o dia de hoje, quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu que a política externa portuguesa, além da Europa, Atlântico e países da CPLP, deve também “aprofundar e cultivar” o lado da internacionalização, e fazer do multilateralismo uma “estrutura matricial” da política externa portuguesa.
Com efeito, e segundo Augusto Santos Silva, a política externa portuguesa, sobretudo nos últimos dois anos, tem vindo a “caracterizar-se pela sua clareza, estabilidade e não ambiguidade”, fatores que para o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, representam não só um “trunfo coletivo” mas também uma das principais “marcas de água” da política externa portuguesa.
Para Santos Silva, Portugal, além do orgulho que exibe pelo seu percurso na construção europeia e pelo seu “elo transatlântico e valorização da CPLP”, cenário que naturalmente se estende, como salientou, à sua “profunda ligação” às comunidades portuguesas residentes no estrageiro, assume hoje que a sua política externa está a evoluir deste “quadrilátero para um hexágono”, lembrando o governante que tem sido “crescentemente assumido” pelo actual Governo e em particular pelo Ministério dos negócios Estrangeiros, a necessidade de “trabalharmos em conjunto”, na perspetiva, como realçou, da “internacionalização da economia, do ensino superior, ciência, inovação, cultura e no ensino da língua portuguesa”.
Perante uma plateia atenta e altamente qualificada, o chefe da diplomacia portuguesa reconheceu que “é responsabilidade do Governo e da diplomacia” contribuir para que o país possa “responder positivamente” ao desafio de passar de um “momento para um contínuo”, com maior aposta no comércio internacional, maior abertura económica, mais e melhores exportações e, sobretudo, como salientou, contribuir para que haja decisivamente “mais e melhor investimento estrangeiro em Portugal”.
Internacionalização da economia
Dentro das oportunidades de internacionalização da economia portuguesa que tiveram lugar em 2017, Augusto Santos Silva identificou a realização em Lisboa, “pela terceira vez consecutiva”, da Web Summit, mas também da escolha de Portugal como país convidado da Feira do Livro de Guadalajara, no México, as comemorações do 10 de junho nos Estados Unidos da América, iniciativa que contou com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro, António Costa, para além do lançamento das comemorações do V centenário da viagem de circum-navegação e do anúncio da participação de Portugal na próxima exposição universal.
Iniciativa e eventos, que a par da forma como Portugal se tem empenhado nas organizações e nas “agendas multilaterais” provam, segundo o governante, a forma “correta e adequada” como o país tem sabido participar nas organizações multilaterais, afirmando um “valor próprio” e apresentando-se como um dos países “mais seguros do mundo” e sempre do lado da “contribuição para a paz”, e um dos mais forte “construtor de pontes” dentro das vozes dos “pequenos e médios Estados”.
Para 2018, o ministro Santos Silva listou como desafios e oportunidades para Portugal, a candidatura do antigo ministro e comissário europeu, António Vitorino, a diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, a realização em Lisboa de uma “grande conferência internacional” sobre como encontrar os mecanismos certos ao nível do ensino superior perante situações de emergência, tema que foi lançado pelo ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, mas também a preparação da próxima conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, em 2020, as atividades da Aliança para a Descarbonização dos Transportes, “além de outras iniciativas no âmbito da Agenda 2030, da Agenda do Clima e do empenho na reforma do sistema das Nações Unidas”.