Internacionalização da economia não é incompatível com sensibilidade social
Mais exportações e melhores salários. Foi este o cenário que levou o PS a agendar para hoje um debate parlamentar sobre a internacionalização da economia portuguesa. “Hoje é altura de demonstrar que o Partido Socialista tinha razão e que a internacionalização da economia exige a mobilização de todos os agentes económicos e a instalação de um clima de confiança, mas nenhum destes propósitos pode ser alcançado colocando os rendimentos do capital contra os rendimentos do trabalho, como fez o PSD/CDS”, começou por justificar o deputado Carlos Pereira.
O socialista afiançou que o partido não esquece a importância da internacionalização da economia, “sobretudo num mundo cada vez mais globalizado onde a competitividade das economias exige a presença no mercado internacional em condições mais favoráveis que os seus concorrentes”, mas reforçou também que “o aumento da produtividade do país, condição importante para reforçar o processo de internacionalização, tem de ser criado a partir da inovação e da qualificação e nunca num empobrecimento dos portugueses, de modo a melhorar a competitividade do país para promover as exportações ou atrair investimento estrangeiro”.
Segundo Carlos Pereira, “o Governo do PS tinha consciência da importância da procura externa no PIB e não tinha dúvidas de que era preciso reforçar o Investimento Direto Estrangeiro, não apenas porque é um mecanismo indispensável para financiar a nossa economia, mas também porque o reforço do Investimento Direito Estrangeiro representa uma fonte de inovação, sobretudo se for assegurado a sua transferência para as empresas nacionais, mas também uma fonte de criação de emprego”.
No entanto, o Executivo tem consciência de que o caminho da internacionalização não é um dado adquirido. “É preciso convocar todos os agentes para este desafio em que todos concorrem com todos no mercado internacional”, alertou o parlamentar, que garantiu que o Governo já está a dar passos nesse sentido. A título de exemplo, Carlos Pereira lembrou a criação do Programa Internacionalizar, criado pelo Governo no ano de 2017, “que introduz dezenas de iniciativas para ultrapassar as fragilidades do nosso comércio internacional, mas também para reforçar os fatores de competitividade que afetam as nossas exportações, melhorar a confiança no país e garantir uma imagem de marca robusta e atraente”.
PS critica diabolização do crescimento de salários
O vice-presidente da bancada parlamentar do PS lembrou que, em 2005, o peso das exportações no PIB era de 26,7%. “Em 2017 este indicador ascendeu a 43% para preços correntes, representando o valor mais alto de sempre. Este dado reflete também um saldo positivo da balança comercial de quase dois mil milhões de euros, sensivelmente o dobro do verificado em 2015 e um dos maiores desde que o INE publica esta série”, explicou.
Ao mesmo tempo, as exportações cresceram, no ano passado, quase 8%, “mas sobretudo aumentaram as nossas quotas de mercado, revelando que estamos a ganhar competitividade”, frisou.
“Estes dados reforçam as responsabilidades e a ambição do Governo e demostram que, contrariamente às profecias de alguns profetas, quiçá seguidores de Nostradamus, o caminho de afirmação da internacionalização não é incompatível com a sensibilidade social, com a devolução de rendimentos e com, imagine-se o que se dizia na altura, um Governo de esquerda”, afirmou o deputado com ironia.
Carlos Pereira terminou a sua intervenção defendendo que estes dados refletem ainda “um rumo certeiro, sem diabolizações do crescimento dos salários, reafirmando a aposta nos fatores de competitividade e na confiança dos empresários”.