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Integração e desenvolvimento exigem uma sociedade política global

Integração e desenvolvimento exigem uma sociedade política global

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu hoje que os desafios colocados pela globalização exigem a necessidade de constituir uma “sociedade política global”, munida da capacidade de dar “respostas globais” em matérias como as alterações climáticas, a integração, os direitos sociais e o desenvolvimento económico.
Integração e desenvolvimento exigem uma sociedade política global

Falando num painel sobre a globalização, no Fórum de Líderes da Web Summit, em Lisboa, António Costa apontou que, a par de uma “redução significativa da desigualdade e da pobreza a nível global”, ficou também patente nos últimos anos que a globalização produziu “assimetrias” e “um aumento das desigualdades no interior dos países”, destacando que “a classe média dos países mais desenvolvidos tem sofrido com o processo”.

Ladeado pelo ex-primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, e pelo líder da organização sindical internacional UNI, Phillip Jennings, o líder do Executivo português advogou que a resposta deverá passar por “globalizar também as chaves do sucesso de integração e desenvolvimento”, promovendo aspetos como a educação, formação, inovação tecnológica, direitos sociais, um mercado de trabalho justo e uma melhor distribuição da riqueza.

“Eu claramente acho que o caminho não é fechar fronteiras, nem por via do protecionismo comercial, nem por via da construção de muros”, referiu, sustentando que “o que é absolutamente necessário fazer é dar respostas globais aos desafios globais”. 

“A solução para a questão da competitividade não pode ser uma corrida para o fundo, mas a promoção dos direitos sociais, laborais à escala global. Se o resultado da globalização for que os países da Europa, os países mais desenvolvidos vão ficar com ´standards´ ambientais menos exigentes, menor qualidade alimentar, menores direitos laborais, necessariamente o que estaremos a fazer é a dar força aos populismos, travando o desenvolvimento económico”, advertiu.

Cumprir regras comuns com políticas diferentes

António Costa apontou, neste sentido, que a União Europeia tem sido um bom exemplo de “como as diferentes regiões se podem organizar e ter uma estrutura política de decisão que ajude a regular a globalização de forma a que ela possa servir todos, com uma prosperidade mais partilhada”.

Enquadrando o caso português, António Costa sustentou também que Portugal tem demonstrado nestes dois últimos anos que “é possível cumprir as regras comuns” europeias “com políticas diferentes das que foram seguidas anteriormente”.

“Uma das apostas fundamentais foi repor no centro da política económica a revalorização dos rendimentos, porque essa é uma questão chave (…) e é isso que tem sustentado um crescimento significativo do investimento (…) que não aposta numa estratégia falhada de apostar nos baixos salários e destruição de direitos”, observou.

A forma como o atual governo português questionou as políticas de austeridade impostas pela ‘troica’, foi, aliás, enaltecida pelo secretário-geral da UNI Global Union.

“Nunca mais podemos repetir essa experiência, foi um abuso de poder”, defendeu Phillip Jennings, afirmando que é necessário “um tratado de paz” para “encontrar um novo modelo” de globalização.