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Instabilidade política na Madeira “começa e acaba no PSD e em Miguel Albuquerque”

Instabilidade política na Madeira “começa e acaba no PSD e em Miguel Albuquerque”

Após dois infrutíferos dias de debate em torno da carta de intenções governativas para o próximo quadriénio, a Madeira continua mergulhada numa crise de instabilidade política sem fim à vista. A situação, vincou ontem Paulo Cafôfo, é fruto das mentiras do presidente do executivo regional que, ao retirar a proposta de Programa de Governo da mesa de apreciação parlamentar na véspera da sua quase garantida reprovação, evidenciou total incapacidade para concretizar a solução de estabilidade que arriscou encenar.

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Segundo o líder da bancada socialista na Assembleia Legislativa regional, o presidente do governo e do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, é “o exclusivo responsável” por este impasse que coloca as populações do arquipélago num contexto de indefinição e à mercê das demandas da extrema-direita.

“Miguel Albuquerque acaba de assumir a sua incapacidade, numa responsabilidade que tem quando garantiu ao representante da República e aos madeirenses e porto-santenses que tinha uma maioria para formar Governo”, afirmou Paulo Cafôfo aos jornalistas, à saída do hemiciclo, no Funchal.

Na ocasião, Cafôfo sublinhou que esta decisão de Albuquerque “só demonstra a encenação que houve durante estes dias entre o PSD e o Chega”.

O também líder do PS/Madeira acusou o recém-empossado presidente do governo madeirense de ter mentido quando assegurou deter a maioria necessária para aprovar o seu programa.

“Uma encenação nada abonatória para a dignidade que esta casa merece, para o debate que fizemos durante estes dias com toda a responsabilidade”, criticou o líder da bancada socialista na região, que de resto insistiu na responsabilidade de Miguel Albuquerque, “porque foi ele que deu a garantia [de maioria] e pelos vistos não a tinha e mentiu”.

Neste ponto, Paulo Cafôfo reiterou não ter qualquer dúvida quanto ao rosto e as cores do problema na região.

“Esta instabilidade política começa no PSD de Miguel Albuquerque e acaba no PSD de Miguel Albuquerque. É o único responsável”, enfatizou, assegurando ainda que o PS/Madeira se mantém “calmo e sereno com toda a responsabilidade que tem”.

“Exigimos que Miguel Albuquerque venha a terreiro esclarecer os madeirenses sobre qual o caminho a seguir”, desafiou.

Uma crise sem precedentes em perspetiva

O Programa do Governo da Madeira começou a ser discutido na passada terça-feira, sendo que a votação estava prevista para hoje, com previsões de ser reprovado, uma vez que PS, JPP e Chega anunciaram o voto contra, reunindo um total de 24 deputados dos 47 que compõem o hemiciclo, o que equivale a maioria absoluta.

Numa inesperada declaração aos jornalistas ao final da tarde, Miguel Albuquerque anunciou a retirada do documento da discussão, revelando que o executivo por si liderado encetaria novas negociações com os partidos, voltando a interpor na Assembleia um novo programa em breve.

Recusando-se a sair de cena, Albuquerque mantém assim o futuro de 250 mil pessoas em suspenso, numa luta pela manutenção no cargo e pela sobrevivência da hegemonia laranja que, após 48 anos consecutivos nesta região autónoma, se arrasta num fim de ciclo.

Recorde-se que nas eleições regionais antecipadas de 26 de maio, o PSD elegeu 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta (para a qual são necessários 24), o PS conseguiu 11, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada.

Já depois das eleições, o PSD firmou um acordo parlamentar com os democratas-cristãos, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta. Os dois partidos somam 21 assentos.

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