A propósito, Paulo Cafôfo tinha já deixado claro que os deputados socialistas no Parlamento da Madeira não poderiam votar favoravelmente “um Orçamento que foi feito a pensar em eleições, mas que não salva os madeirenses da pobreza, da doença ou da falta de uma habitação decente”.
Sustentando que “à Madeira não serve qualquer orçamento”, o presidente da estrutura regional do PS tem reiterado por diversas vezes que a instabilidade na Região de que tanto se tem falado ao longo de este ano “só acabará com a saída de Miguel Albuquerque e o fim do regime do PSD”.
“Se não sai por sua livre vontade, que seja o povo a pô-lo na rua”, declarou Cafôfo.
Refira-se que o sentido de voto da bancada socialista no Parlamento da Madeira foi decido por unanimidade, em recente reunião da Comissão Política.
Na ocasião, Paulo Cafôfo vincou que quem tinha a responsabilidade de aprovar o Orçamento eram os partidos que viabilizaram o Governo de Miguel Albuquerque.
E lembrou que os socialistas já haviam votado contra o Programa de Governo e o Orçamento para 2024, ainda que na generalidade se tivesse abstido e dado o benefício da dúvida, apresentando propostas que, afinal, acabaram por ser todas recusadas pelo PSD.
Por isso, e de forma coerente, Cafôfo anunciou, sábado passado, que a bancada socialista votaria contra o ORAM 2025, uma vez que o documento não só não respondia às necessidades dos madeirenses, como mantinha “os interesses instalados e as desigualdades”.
Ainda por ocasião da Comissão Política do dia 7, Paulo Cafôfo enfatizou a importância de debater a proposta orçamental apresentada pelo executivo regional antes da votação da moção de censura, agendada para o próximo dia 17, “para confrontar o PSD com as suas políticas, mas também confrontar os partidos que as viabilizaram”.
Antevendo que o PSD e o Governo Regional venham a fazer “muitas chantagens”, o presidente do PS/Madeira deixou fortes críticas a Albuquerque.
“O presidente do Governo diz que é surreal a situação que se vive na Região, mas é surreal porque ele é o principal ator do surrealismo. Esta instabilidade que se vive na Região tem origem em Miguel Albuquerque, porque ele prometeu estabilidade, mas aquilo a que temos assistido é precisamente a instabilidade”, rematou Paulo Cafôfo.
Primeiro chumbo na história da Região
As propostas de Orçamento Regional e o Plano de Investimentos para 2025 apresentadas pelo Governo da Madeira, liderado por Miguel Albuquerque (PSD), foram ontem rejeitadas após discussão na generalidade, um ‘chumbo’ que acontece pela primeira vez na Assembleia Legislativa madeirense.
As propostas mereceram os votos contra de PS, JPP, Chega, IL e PAN.
PSD e CDS-PP, que têm um acordo parlamentar insuficiente para garantir a maioria absoluta, foram os únicos a votar a favor.
O Parlamento da Madeira é composto por 47 deputados, sendo 19 do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega e dois do CDS-PP, enquanto a IL e o PAN têm um representante cada. A maioria absoluta requer 24 votos.
Este é o primeiro Orçamento Regional alguma vez chumbado na Assembleia Legislativa da Madeira ao longo de quase 50 anos de autonomia.
Os partidos concordaram no mês passado em adiar a votação de uma moção de censura ao Governo Regional para 17 de dezembro, para serem discutidos antes o Orçamento Regional e o Plano de Investimentos.