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Portugal: O sucesso da Esquerda

Ana Catarina Mendes participou ontem numa conferência subordinada ao tema “Portugal: o sucesso da Esquerda”, organizada pelo Partido Socialista Belga francófono em Liège.

A Secretária-geral Adjunta do Partido Socialista começou a sua intervenção por relembrar o contexto das eleições de outubro de 2015. Portugal encontrava-se muito marcado por políticas de austeridade, num contexto europeu em que o discurso da austeridade virtuosa era o discurso dominante e onde a Direita portuguesa encontrava o apoio para transmitir a inevitabilidade das políticas de austeridade, a inevitabilidade do empobrecimento ou a inevitabilidade do desemprego em níveis muito altos. A dirigente socialista relembrou que, segundo a Direita portuguesa, este era o novo normal.

Com o apuramento dos resultados das eleições de 4 de outubro de 2015, António Costa foi capaz de negociar, de aproximar os partidos à esquerda do PS com realismo e pragmatismo. O PS foi capaz de interpretar a vontade popular, de a respeitar e de formar governo sendo a primeira vez que todas as forças sociais estão num só governo em Portugal.

Ana Catarina Mendes relembrou a audiência que o governo português não faz parte de uma coligação, mas antes é acordo pragmático que permite a viabilização dos Orçamento do Estado sem que partidos com posições diferentes face à Europa sejam forçados à aproximação uma vez que este governo é um exercício de responsabilidade, convergindo os partidos a bem do interesse nacional, encontrando condições de estabilidade, de continuidade, com visão para o futuro e a um desenvolvimento verdadeiramente sustentado, que sobreviva a ciclos de governação.

A Secretária-geral Adjunta enfatizou que no final de 2015 esta aliança sem precedentes parecia inimaginável. Este é o primeiro governo deste molde desde que há democracia em Portugal. Mas na formação deste governo, bem como na sua atuação, Portugal provou que a narrativa “There is No Alternative” é uma escolha marcadamente ideológica com que é preciso romper, estando demonstrado que “sim, existe alternativa, que esta é a alternativa que se está a construir”.

Reconhecendo que os Partidos Socialistas europeus vivem, em geral, momentos de crise e têm dificuldades em se classificar no panorama político, Ana Catarina Mendes disse que com esta opção o PS assumiu escolher estar do lado dos descontentes com a política europeia mas que continuam a acreditar na União Europeia. Com esta experiência governativa portuguesa, demonstra-se que a família socialista pode escolher entre a associação a políticas restritivas ou, cada um à sua maneira, encontrar soluções alternativas dentro do quadro europeu.

A Secretária-geral Adjunta aproveitou a ocasião para enfatizar que este é o caminho e este é o momento para uma Europa, uma União Europeia solidária e de profundidade política. Precisamos de mais Europa, mas precisamos urgentemente de um novo rumo para o aprofundamento do que é um projeto eminentemente político e que, não esqueçamos, nasceu da necessidade de fazer a paz na Europa.