Inconsistência do PSD em matérias estruturantes é de “enorme perplexidade” para o país
“Ouvi essa declaração com uma enorme perplexidade”, afirmou o líder socialista, referindo que “o PSD foi sempre o campeão anti-TGV”. António Costa referia-se, durante uma visita ao distrito de Bragança, à proposta para uma linha ferroviária de Alta Velocidade constante no programa eleitoral do PSD.
“É muito estranho que tenha havido uma grande discussão na Assembleia da República sobre as infraestruturas a realizar na próxima década, tendo o PSD apresentado propostas, tendo o PSD votado a favor do programa, de repente saia da cartola um TGV de que ninguém ouviu o PSD falar”, acentuou António Costa.
“Quando agora se discutiu o programa de infraestruturas para a próxima década não houve proposta nesse sentido, agora que o programa está aprovado e em cima de eleições é que sai da cartola uma proposta como o TGV?”, questionou, sublinhando que “não há nem condições financeiras, nem condições políticas para neste próximo quadro comunitário haver qualquer iniciativa dessa obra”.
O líder socialista disse estranhar também ter ouvido o presidente do PSD “tirar da cartola dúvidas sobre a estratégia da solução Montijo” para o novo aeroporto, apontando que “foi uma solução desenvolvida pelo anterior Governo” liderado pela direita, insistindo que fica “muito surpreendido com esta inconsistência permanente das posições do PSD e do dr. Rui Rio sobre matérias estruturantes para o país”.
“Precisamente para não andarmos sempre numa lógica de descontinuidade, nós agarramos, estamos a trabalhar com a solução possível no contexto em que vivemos”, vincou, acrescentando ficar “profundamente perplexo como é que um partido com o grau de responsabilidade e que pretende ser alternativa de Governo se comporta com esta ligeireza relativamente a investimentos que são de milhares de milhões de euros”.
Durante a visita que realizou à Feira de Agricultura, em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, António Costa apontou, na ocasião, que ao longo do atual quadro comunitário de apoios “foram concedidos mais de 280 milhões de euros de apoio direto aos agricultores” da região, a par de outros apoios indiretos, como a criação dos centros nacionais de competências da vinha e do vinho e dos frutos secos, e dos laboratórios colaborativos com as instituições de ensino superior.
Salientando que a revitalização do interior “é um processo muito exigente”, para dar a volta a um processo de desertificação “que foi de décadas”, o líder do Governo do PS referiu-se ainda, neste contexto, aos 40 milhões de investimento em barragens ou renovação do regadio e às medidas de valorização do interior do país, onde se incluíram a criação de uma Secretaria de Estado e de um programa integrado.