Incêndios: Testes concluem que golas antifumo não se inflamam quando expostas ao fogo
Um relatório preliminar pedido pela Proteção Civil ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais concluiu que as golas antifumo distribuídas à população não se inflamam quando expostas ao fogo.
O relatório preliminar a que a Lusa teve hoje acesso refere que após vários testes e exames a “golas iguais às que foram distribuídas à população”, no âmbito do programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras”, que “as golas testadas não se inflamaram, isto é, não entraram em combustão com chama – mesmo quando sujeitas a um fluxo de calor de muito elevada intensidade”.
O mesmo documento acrescenta que os testes revelaram que as golas não inflamaram “mesmo quando colocadas a uma distância inferior a 50 centímetros das chamas, durante mais de um minuto”.
Os ensaios concluíram ainda que as golas chegam a furar quando testadas a cerca de 20 centímetros das chamas, mas sem arderem.
O Jornal de Notícias noticiou na sexta-feira que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização foram entregues à população abrangida pelo programa “Aldeia Segura, Pessoas Seguras” e custaram 125 mil euros.
Eduardo Cabrita, mandou efetuar, através da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), testes e um relatório ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais (CIIF), dirigido por Xavier Viegas.
Os testes destinaram-se “a avaliar o comportamento das golas quando expostas a um ambiente próximo de um incêndio florestal” e, “em concreto, avaliar se as referidas golas se inflamavam quando sujeitas a um forte fluxo radiativo, semelhante ao de uma frente de chamas como as que ocorrem em incêndios florestais, podendo colocar em perigo o seu utente, pelo facto de entrarem em combustão”.
A ANEPC entregou um conjunto de 28 golas idênticas às que foram distribuídas à população, para a realização dos ensaios.
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais no dia 28 de julho de 2019 e na realização dos ensaios estiveram envolvidas nove pessoas.
Eduardo Cabrita, que falava na cerimónia de apresentação do programa “Bravos Heróis”, Movimento Nacional de Prevenção dos Incêndios Florestais, organizado pelo grupo Global Media (JN, DN e TSF), disse que face à polémica suscitada na Comunicação Social pediu um estudo ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais, dirigido por Xavier Viegas.
O governante acrescentou que viu serem “ditas muitas coisas com caráter muito afirmativo” e, por isso, apelou “à serenidade e foi pedido, entre outras análises, um relatório ao Centro de Investigação de Incêndios Florestais, dirigido pelo professor Xavier Viegas”.
“Aquilo que pedia, a bem da confiança no nosso sistema e na necessidade de garantirmos confiança nas populações, é que todos aqueles que forem tão perentórios e tão definitivos sobre aquilo que é uma questão técnica no âmbito de algo que vale muito mais, a mobilização da população na articulação com as estruturas de bombeiros e de proteção civil, que leiam com atenção esse relatório e tirem as devidas conclusões a bem da serenidade e da confiança no sistema”, apelou.
A questão das golas antifumo inflamáveis já levou à demissão de Francisco Ferreira, técnico adjunto do secretário de Estado da Proteção Civil, após ter sido noticiado o seu envolvimento na escolha das empresas para a produção dos ‘kits’ para o programa “Aldeias Seguras”.