Impulso à descentralização e modernização do interior
Integrado na autoestrada que liga Amarante a Vila Real, num percurso de 30 quilómetros, dos quais 5,6 em túnel, o novo equipamento vai ajudar a reduzir o tempo de percurso entre a região de Trás-os-Montes e Alto Douro e entre o Porto e o Minho, aumentando também a segurança rodoviária.
Na sua intervenção, António Costa, depois de evocar tratar-se de um dia histórico, defendeu que este equipamento só cumprirá a sua função se verdadeiramente ajudar a que o Produto Interno Bruto (PIB) da região passe a “convergir para um novo patamar de desenvolvimento”.
A este propósito apontou alguns números, recordando que a média do PIB por pessoa em Trás-os-Montes é 61% do Grande Porto, “que fica apenas a uma hora de caminho”, e 50% do da média da União Europeia, voltando a sublinhar que para se aproveitar bem esta infraestrutura “precisamos agora de apostar numa nova visão estratégica”, abandonando alguns conceitos que insistentemente “tivemos durante muitos anos” e que contribuíram para transformar o interior do país nas “traseiras do litoral”.
Reafirmando o que vem defendendo desde há muito tempo, António Costa sustentou que inverter este conceito obriga a que o país passe a ver o interior, não como até aqui, mas “como a porta de entrada” para o mercado único europeu, com especial enfoque “no mercado do outro lado da fronteira”, com 50 milhões de habitantes.
Não desprezando que as infraestruturas “são necessárias ao desenvolvimento e progresso do país”, mas que por si só “não constituem condição suficiente”, António Costa fez questão de afirmar que o novo equipamento constituirá um “impulso à descentralização” e uma “nova visão estratégica para a região”, garantindo que o túnel do Marão “não servirá para o Terreiro do Paço estender o seu longo braço até ao território transmontano”, comprometendo-se a devolver às regiões poder de decisão sobre o seu futuro e a “encurtar as assimetrias económicas”.
O desenvolvimento do país, disse ainda o primeiro-ministro, depende de se conseguir resolver a equação de aproximar o litoral do interior, “e vice-versa”, sustentando que o desafio é perceber que Portugal tem de passar a ser um país “mais coeso e capaz “, projetando-se no espaço global, com particular atenção no mercado ibérico.
O primeiro-ministro esteve acompanhado pelos ministros do Planeamento e Infraestruturas, da Economia e do Ambiente, respetivamente Pedro Marques, Manuel Caldeira Cabral e Matos Fernandes, para além de todos os autarcas da região e de muitos convidados, entre eles o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, e o representante da Comissão Europeia em Portugal.