Durante o debate agendado pela Iniciativa Liberal (IL) sobre a lei geral do trabalho em funções públicas, concertação social, serviços públicos e setor empresarial do Estado, o socialista começou por criticar a ausência do Governo do debate, que “não considerou oportuno estar a debater a greve geral olhos nos olhos com os partidos”.
Mostrando-se solidário com todos os trabalhadores em dia de greve geral, Miguel Cabrita lamentou que a resposta do Executivo de Luís Montenegro seja “a ausência, a fuga, tal como tem fugido sempre a debater a substância deste debate em cada um dos recuos laborais que quer impor a quem trabalha”.
O deputado recordou quando, há poucos dias, o primeiro-ministro, “com um tom entre a arrogância e a desfaçatez”, foi ao Parlamento fingir não compreender as razões da greve geral. De entre vários exemplos, Miguel Cabrita explicou que os trabalhadores se revoltaram por o Governo “querer voltar atrás no banco de horas individual, que vai permitir pressionar, não uma empresa, não um turno, não uma equipa, mas cada trabalhador a trabalhar mais duas horas por dia sem receber qualquer compensação adicional”, ou por querer “retirar direitos a quem está em teletrabalho”, ou mesmo por querer “propor um recuo civilizacional ao descriminalizar o trabalho clandestino e não declará-lo”.
O parlamentar esclareceu que “são estas mudanças injustificadas e graves que têm o apoio da Iniciativa Liberal e também do Chega”. Considerando a IL a “muleta do Governo nestas matérias”, Miguel Cabrita deixou uma forte crítica a toda a direita: “Quando toca a cortar nos direitos dos trabalhadores, o PSD e o CDS são os partidos do ‘mata’, a Iniciativa Liberal e o Chega, os partidos do ‘esfola’”.
Ora, quando “o Governo diz que temos de limitar os direitos de quem recorre à greve, vem logo a Iniciativa Liberal a correr, para ficar na fotografia, querer alargar à educação os serviços mínimos, mesmo quando isto está fora das regras da OIT (Organização Internacional do Trabalho”. Já quando “o Governo diz que os sindicatos não têm suficiente representação e por isso vão – imagine-se – enfraquecê-los ainda mais, vem logo a IL a correr, sem saber do que fala, às três pancadas, querer incluir na concertação trabalhadores independentes”, criticou.
No final da sua intervenção, o socialista fez um resumo da atuação da direita: “O emprego em máximos, a economia a crescer, mas a mesma vontade de sempre de vingança contra os trabalhadores, a mesma vontade de não querer partilhar com todos os resultados do país”.