Homenagear Mário Soares é continuar a honrar as suas lutas
A melhor e mais justa homenagem que hoje se pode prestar a Mário Soares “é continuar o seu combate por um Portugal melhor” e que esse desígnio seja “cumprido diariamente honrando as suas lutas”, defendeu ontem o primeiro-ministro e Secretário-geral do PS, António Costa, no Cemitério dos Prazeres, numa cerimónia de tributo ao antigo Presidente da República, um ano após a sua morte.
Para o primeiro-ministro, Mário Soares foi um “homem e um político exemplar”, alguém que soube desde sempre, como salientou, “aliar o idealismo ao realismo” e “construir a história”, tendo a história, como garantiu António Costa, retribuído “guardando-lhe o nome, a obra e o exemplo”.
Homenagear Mário Soares, defendeu António Costa, perante a família do fundador do PS, o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República, para além das muitas pessoas que se quiseram igualmente associar a esta cerimónia evocativa, é lembrar o nome maior da democracia e da liberdade e ativo resistente à ditadura desde os tempos universitários, durante o Estado Novo.
Mas lembrar Mário Soares, o homem “republicano, laico e socialista”, mas também “humanista, universalista, português, europeu e cidadão do mundo”, defendeu ainda António Costa, é também estar a recordar alguém que promoveu como ninguém a liberdade e a cultura, que batalhou por uma Europa cada vez mais justa e solidária e que nunca deixou de lutar por um mundo de paz e de progresso.
Enquanto homem político, segundo o primeiro-ministro, Mário Soares para além de ter sabido aliar “idealismo e realismo” soube também sempre unir “convicção e ação, política e cultura, consciência da história e das lições do passado com uma visão criadora e ambiciosa do futuro”, problemáticas sobre as quais, como salientou António Costa, o ex-Presidente da República e fundador do Partido Socialista, manteve sempre “uma curiosidade irreprimida e incontida”.
Mas Mário Soares foi ainda, para o Secretário-geral socialista, um “homem de coragem exemplar” no combate constante “por aquilo em que acreditava”, nunca deixando, como referiu, “de dizer o que sentia” e de lutar por aquilo que “pensava que devia ser feito”, um exemplo de “génio político” que, na opinião de António Costa, conseguia “alcançar o que parecia impossível”, mas também “um exemplo de amor à vida e de energia criadora”.
Alguém, como acrescentou António Costa, que até ao fim da vida “assumiu integralmente” que a atividade política “é uma das mais nobres, se não a mais nobre atividade humana e cívica”, e que em momentos decisivos foi “o rosto e a voz da nossa liberdade”, títulos dos quais “são raros os homens que se podem orgulhar”, assumindo o primeiro-ministro que o país tem o dever de legar às futuras gerações “um grande português de quem tivemos o privilégio único e a honra de poder ser contemporâneos”.