A apresentação da obra esteve, principalmente, a cargo de Eduardo Ferro Rodrigues, Secretário-Geral do PS aquando da última revisão do documento, em 2002, e de José Pedro Castanheira, jornalista com obras de relevo sobre a história das últimas décadas em Portugal, contando também com a presença de António Baptista Lopes, da editora Âncora.
Considerando a obra como um “contributo importante para a história do PS e para a história do país”, Ferro Rodrigues salientou a necessidade de o partido se debruçar sobre uma atualização da sua Declaração de Princípios, evitando as duas lógicas antagónicas “de conservadorismo ou de refundação”, de modo a refletir as mudanças que aconteceram nas últimas duas décadas, em Portugal e no mundo.
O antigo Secretário-Geral do PS elencou, nomeadamente, as questões da justiça e da sua relação com o sistema político, o populismo e as ameaças à democracia, as questões da saúde e da habitação, o tema da imigração e do seu impacto social e político, a que se juntam, no plano global, as ameaças à paz e sobre as alterações climáticas, ou os desafios trazidos pela inteligência artificial e a robótica.
Advertindo que o socialismo democrático e a social-democracia estão hoje em crise, sob ataque de uma “extrema-direita fascizante” e que “perdeu a vergonha”, Ferro Rodrigues vincou ainda que os “valores essenciais do PS, a liberdade, a igualdade, a fraternidade, que se devem traduzir em propostas mais concretas, não podem nem devem ser postos em causa” e “devem ser defendidos”.
“E é desejável aproveitar um processo de revisão, de mudança ou de atualização da Declaração de Princípios para mobilizar mais pessoas à volta do PS”, advogou.
Numa sessão muito participada, Porfírio Silva partilhou alguns dos desafios que se colocam no debate contemporâneo dos princípios políticos fundamentais do partido, como a ameaça do populismo e a predominância de um “liberalismo economicista radical” que estabelece o egoísmo e o individualismo como “virtudes”.
“São desafios que vale a pena discutir”, preconizou, advertindo que a discussão ideológica não deve cingir-se ao campo estritamente filosófico, mas indo ao encontro das questões que dizem respeito à vida concreta das pessoas, como “a melhoria das condições de vida, a melhoria dos salários, dos empregos, dos serviços públicos”, concretizou.
